Velejadora Mariana Lobato se destaca ao participar de dois times ‘ao mesmo tempo’ na Ocean Race

Desde pequena, Mariana Lobato está acostumada a viver em alto mar. Com o esporte “no sangue”, a velejadora portuguesa participa agora da The Ocean Race, a maior regata transoceânica do mundo, em uma conquista pessoal e coletiva. Em Itajaí, Litoral Norte catarinense, Mariana embarca para a segunda experiência na mesma regata, dessa vez com o veleiro da equipe Biotherm.

Mariana disputa próxima etapa a bordo do veleiro Biotherm – Foto: Bruno Golembiewski/ND

A atleta conta que em agosto do ano passado, já havia assinado com a equipe para participar da Ocean Race. Mas não contava com uma outra oportunidade.

Os veleiros VO65, usados até a última edição da regata, neste ano participam da Sprint Cup, uma disputa mais curta, de somente algumas pernas. E o time Mirpuri Foundation se dispôs a criar uma equipa 100% portuguesa para a competição.

“Já tinha assinado com o Biotherm, e já estava completamente com a equipe, como estou, fiz uns treinos e regatas com eles. E não ia fazer a primeira etapa. E então com os VO65 surgiu a oportunidade de fazer algumas partes da The Ocean Race. Como a Mirpuri Foundation quis ter uma equipe portuguesa, e perguntaram se eu queria fazer, não pude desperdiçar esta oportunidade”, relata.

Em Itajaí, ela embarca neste domingo (23) para a quarta etapa da competição, e segue com o time Biotherm até a grande final.

Mas a história de Mariana com a vela começa muito antes desse momento. Desde pequena, a portuguesa costuma navegar com a família.

“A primeira vez que entrei em um barco tinha uns três meses, portanto não me lembro. É um esporte de família, a vela, portanto tive a oportunidade de navegar com os meus pais, com meus avós, com meus irmãos. Depois fiz então escola de vela, aos oito anos, e fui navegando em todas as classes”, explica.

O crescimento no esporte a levou até os Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, e agora até a The Ocean Race. Mariana é a primeira atleta portuguesa a participar da regata, fazendo história e representando as mulheres do país.

“Sempre quis fazer esta regata e chegar até aqui claro que não foi um caminho fácil. Mas fico muito contente de ter conseguido chegar, e espero também que o meu percurso sirva também de inspiração e abrir portas para outras velejadoras portuguesas poderem fazer esta regata”, afirma Mariana.

A atleta conta como foi a trajetória até participar da regata de volta ao mundo – Foto: Bruno Golembiewski/ND

Questionada sobre ser mulher neste esporte, ainda com grande presença masculina, Mariana afirma que as coisas estão mudando. “Quando não temos oportunidade, não podemos ir para dentro do barco e não temos maneira de aprender e evoluir. Hoje as coisas já começam a mudar”, declara.

A equipe da Biotherm que fará a quarta etapa da competição entre Itajaí e Newport (EUA) já traz o protagonismo feminino consigo. Serão mais mulheres do que homens a bordo, em um marco importante para a regata.

E a expectativa para a perna até os Estados Unidos é grande. “Acho que vai ser uma etapa muito difícil ao nível psicológico, porque vai estar muito calor, e essa parte às vezes é um bocadinho mais difícil. Mas acho que vai correr bem, a equipe está preparada, o barco também, a equipe técnica fez um excelente trabalho e sempre mostraram um bom ambiente. E o capitão também é super ‘fácil’ e relaxado, portanto isso ajuda em tudo”, afirma a velejadora.

Para ela, estar no Brasil mais um vez é muito bom. E as passagens da atleta por terras brasileiras são, geralmente, por conta do esporte.

“Sempre que cá venho, curiosamente é para navegar. Já fui ao Rio de Janeiro, chegando de uma viagem de travessia atlântica, cheguei aqui também em Itajaí na Volvo Ocean Race passada no time Scallywag, portanto sim, cada vez que venho ao Brasil é por motivo de barcos, mas espero um dia vir com tempo para visitar todo o Brasil”, finaliza.

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