Congestionamento de sucuris paralisa lagarto: ‘tô invisível, Deus é mais’

Um lagarto ficou paralisado ao dar de cara com um verdadeiro congestionamento de sucuris em uma estrada. O flagrante aconteceu em Ituverava, município de São Paulo, pelo estudante de medicina veterinária, Antônio dos Santos.

Congestionamento de sucuris paralisa lagarto – Foto: Reprodução/ND

Segundo o estudante, as cobras estavam atravessando uma estrada que chegaria a represa da Faculdade de Ituverava Dr. Francisco Maeda (FAFRAM). O réptil vive em ambiente aquático e consegue até se produzir na água.

Na imagem é possível contar ao menos três sucuris menores enroladas em uma quarta gigantesca. Quem filma faz piada com o lagarto que aparece observando a cena: “Vai lagartinho que você já vai virar comida delas”, diz o homem.

Apesar de no vídeo o homem dizer que as sucuris menores seriam filhotes da maior, tudo indica que a cena era um ritual de acasalamento. A maior é a fêmea e os menores são os machos.

As imagens geraram comentários curiosos sobre o episódio. “O largado: tô invisível, tô invisível, Deus é mais, Deus é mais”, disse um homem. “Nem o lagarto tava crendo no que tava vendo”, comentou uma mulher. “O lagarto entre a cruz e a espada”, disparou outro.

As sucuris

As sucuris pertencem ao gênero Eunectes e fazem parte da família Boidae. O nome popular designa não apenas uma única espécie, mas quatro que habitam a América do Sul. A sucuri-verde (Eunectes murinus) que aparece na novela, é a maior delas, e geralmente é encontrada na Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica.

No Brasil, porém, ainda vivem outras duas espécies, sendo elas: a sucuri-malhada (Eunectes deschauenseii), encontrada em regiões do Pará e do Amapá; e a sucuri-amarela ou sucuri-do-pantanal (Eunectes notaeus), encontrada principalmente no Pantanal, mas também em áreas do Cerrado, Mata Atlântica e Pampa.

O acasalamento das fêmeas dessa espécie, que costuma ser copulada por vários machos simultaneamente, ocorre apenas no período de inverno, o que também dificulta o encontro. A fêmea libera um feromônio no ar que atrai os machos muito menores do que ela. Eles ficam se revezando na cópula.

Às vezes, quando uma pessoa vê esta cena, confunde e acha que se trata de uma mãe que acabou de parir os filhotes. A sucuri não põe ovos e pode parir mais de 50 filhotes por gestação, que chega a durar oito meses.

Orgia animal?

O médico veterinário especialista em animais silvestres, Matheus Rabello Kruger, em entrevista ao site Correio 24 horas esclarece que esse momento, conhecido como agregação reprodutiva, na verdade, não é raro, o que, na verdade, é raro é exatamente o registro dele.“Algumas espécies de serpentes tem esse fenômeno durante o processo de reprodução”, acrescenta Matheus.

Krüger explica o processo de acasalamento da espécie. “De uma forma geral, as Sucuris Verdes (Eunectes murinus) reproduzem na estação mais seca, e a fêmea lança mão de feromônios para atrair os machos, causando uma ‘disputa reprodutiva’ entre eles por uma única fêmea.”

Por isso o ‘bolo de sucuri’ parece, mas não é uma orgia animal. “Durante esse processo a fêmea seleciona o macho, com maior capacidade reprodutiva, de acordo com seu porte, força, etc, aumentando as chances de sucesso dos filhotes através desta seleção genética”, completa.

Quanto ao registro, é considerado raro, pois encontrar esse evento exatamente no momento em que está ocorrendo precisa de muita observação/estudo dos indivíduos da espécie, ou simplesmente de sorte.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.