Sexo causa câncer de garganta? Confira a relação entre o HPV e a doença

Muitos tentam achar motivos para o surgimento do câncer, o que é difícil, então todos estão focados nos fatores de risco que desenvolvem a doença. Nos casos de câncer de garganta ou orofaringe, a enfermidade surge no fundo da garganta, perto das amígdalas.

Sexo oral desprotegido pode ser causa de câncer de garganta – Foto: Freepik/ND

No entanto, você sabia que praticar sexo oral desprotegido pode desencadear a doença? Segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer), existem três causas possíveis para o desenvolvimento de câncer: o tabagismo, consumo excessivo de álcool e infecção pelo HPV (papiloma humano) na região.

Vale ressaltar que a principal forma de transmitir o HPV é pelas relações sexuais sem proteção. Uma das formas de se proteger da doença seria pela vacina tetravalente, que é aplicada gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde), porém apenas meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos têm acesso.

Associação entre o HPV e o câncer de garganta

Um estudo publicado pela revista científica NEJM (New England Journal of Medicine), com direção de médicos e pesquisadores do Hospital Johns Hopkins, nos Estados Unidos, fala sobre a as possíveis relações entre o HPV, o câncer de garganta e as relações sexuais.

Foram analisados em 300 voluntários os dados de saúde e a frequência de parceiros sexuais. Conforme o que foi levantado, as pessoas que tiveram relações com mais de seis indivíduos na vida têm 8,5 vezes mais chance de adquirir câncer do que aqueles que não praticam.

Segundo o site Canal Tech, isso liga a maioria dos casos, assim descartando o tabagismo e o uso do álcool. “A presença de uma infecção oral por HPV-16 foi fortemente associada ao câncer de orofaringe”, conta um dos pesquisadores.

Todo sexo oral acaba em câncer de orofaringe?

Agora, todo sexo oral acaba em câncer de orofaringe? – Foto: Freepik/ND

Fazer sexo oral desprotegido, contrair HPV e ter câncer de garganta não são regras para desencadear a doença. Muitos outros fatores devem ser considerados.

Hisham Mehanna, professor da Universidade de Birmingham, na Austrália, em um artigo para o site The Conversation, explica que a maioria das pessoas contrai infecções por HPV e é capaz de eliminá-las completamente.

“No entanto, um pequeno número de pessoas não consegue se livrar da infecção, talvez devido a um defeito em um aspecto específico do sistema imunológico”, disse.

O professor ainda acrescenta que, nesses casos, o vírus tem a capacidade de se replicar continuamente e, com o tempo, se integra em posições aleatórias ao DNA do hospedeiro, que podem fazer com que as células hospedeiras se tornem cancerígenas.

Cobertura de vacina de HPV no Brasil

Cobertura de vacina de HPV no Brasil – Foto: Valter Campanato/ Agência Brasil

Segundo o Ministério da Saúde, a taxa de 90% dos que têm acesso à vacina é ideal. Porém, o último levantamento, de 2022, foi bem baixo, com cerca de 77% de meninos e meninas vacinados. Entre os meninos, a taxa é ainda mais baixa, atingindo apenas 58,2% de vacinados.