Entenda a operação Mensageiro, que prendeu 15 prefeitos e outros agentes públicos em SC


Investigação apura escândalo de corrupção envolvendo desvio de verbas públicas e entrou para a 4ª fase nesta quinta-feira (27). Prefeitos presos na Operação Mensageiro
NSC TV/ Reprodução
A operação Mensageiro, que cumpre mandados contra políticos e servidores de prefeituras em diversas regiões de Santa Catarina, investiga um escândalo de corrupção envolvendo desvio de verbas públicas nas áreas de coleta de lixo e saneamento.
A investigação identificou que uma empresa catarinense foi responsável por pagar propina para agentes públicos no estado para ter acesso a licitações (veja detalhes abaixo).
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Deflagrada em 6 de dezembro de 2022, a operação entrou para a 4ª fase nesta quinta-feira (27), com a prisão de oito prefeitos, além de outros agentes políticos e servidores municipais. Desde o início das ações, 15 chefes de executivo municipais já foram detidos.
A nova fase corre em segredo de justiça, por determinação legal.
O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) informou na manhã de quinta-feira que, desde a primeira fase da operação, foram cumpridos 196 mandados de busca e apreensão e 40 mandados de prisão preventiva.
Operação Mensageiro deflagrada nesta quinta-feira (27)
MPSC/Divulgação
Epicentro da investigação
O epicentro da investigação é a empresa Serrana Engenharia, que atua na área de engenharia sanitária e ambiental em Joinville, no Norte de Santa Catarina. Segundo a apuração, um empresário seria o responsável pela interlocução com agentes públicos para a negociação de propina.
Esse “mensageiro” não trabalharia mais na empresa há 10 anos, mas fazia o papel de interlocutor com os agentes públicos.
O que se sabe: Operação Mensageiro prende prefeitos em SC
O empresário entregaria dinheiro aos agentes públicos e também apresentaria aos políticos prévias de editais para licitações, com exigências que excluíram a chance de participação de outras concorrentes.
Em nota, o Grupo Serrana informou que, “em respeito ao sigilo judicial, todos os seus esclarecimentos e manifestações serão realizadas exclusivamente nos respectivos processos da Operação Mensageiro”.
Em três fases, Operação Mensageiro prende 7 prefeitos de SC
As investigações são coordenadas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e apontam que todos esse prefeitos são suspeitos de participarem no esquema criminoso, que envolve corrupção e lavagem de dinheiro nos processos de licitação da coleta de lixo em várias cidades catarinenses.
Ao todo, segundo o Gaeco, o esquema teria pago mais de R$ 100 milhões em propina. Já o lucro da empresa passaria dos R$ 430 milhões.
Denúncia
O primeiro prefeito a se tornar réu foi Deyvisonn da Silva de Souza, afastado da prefeitura de Pescaria Brava e denunciado 13 vezes por corrupção passiva e por organização criminosa. Na denúncia, o Ministério Público deu mais detalhes do esquema (veja abaixo).
(Até a última atualização do texto, cinco prefeitos já haviam virado réus após o Poder Judiciário aceitar as denúncias do Ministério Público estadual).
Segundo o MP, em 2016, como era “considerada certa a vitória de Deyvisonn na eleição municipal daquele ano”, ele se reuniu com a empresa Serrana Engenharia.
No encontro, segundo a denúncia, “Deyvisonn solicitou, para si, antes mesmo de assumir o cargo de prefeito, vantagem indevida no valor de R$ 15 mil, de modo a proporcionar facilidades à empresa Serrana na execução do contrato vigente e em futuras pactuações com o ente público”.
Para o MP, “Deyvisonn comprometeu-se a usar seu poder de mando para, de modo permanente, colocar a máquina pública de Pescaria Brava à disposição dos interesses da Serrana”.
Na ocasião, o advogado Pierre Vanderlinde, que defende o prefeito, disse que a denúncia não tem outras provas além das que foram produzidas através de delação premiada.
Fases da operação
Na primeira fase da Operação Mensageiro, deflagrada em dezembro de 2022, quatro prefeitos foram presos nas cidades de Pescaria Brava, Papanduva, Balneário Barra do Sul e Itapoá, sendo um deles durante uma viagem oficial em Brasília.
Na segunda, em 2 de fevereiro, dois prefeitos também foram detidos, de Lages e Capivari de Baixo. Já nesta terceira fase, o prefeito de Tubarão foi detido junto com o vice.
Presos na 1ª fase e defesas
Presos na 2ª fase e defesas
Presos na 3ª fase e defesas
Prefeitos presos em todas as fases:
Deyvison Souza (MDB), de Pescaria Brava;
Luiz Henrique Saliba (PP), de Papanduva;
Antônio Rodrigues (PP), de Balneário Barra do Sul.
Antônio Ceron (PSD), prefeito de Lages;
Vicente Corrêa Costa (PL), de Capivari de Baixo;
Marlon Neuber (PL), de Itapoá;
Joares Ponticelli (PP), de Tubarão;
Luiz Carlos Tamanini (MDB), de Corupá;
Armindo Sesar Tassi, de Massaranduba;
Adriano Poffo (MDB), de Ibirama;
Adilson Lisczkovski, de Major Vieira
Patrick Corrêa, de Imaruí.
Luiz Divonsir Shimoguiri, de Três Barras
Alfredo Cezar Dreher, de Bela Vista do Toldo
Felipe Voigt, Schroeder
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