Lola Aronovich faz palestra em evento da iniciativa pela paz nas escolas

Representantes de instituições e entidades participaram do evento na sede do IFSC em Florianópolis (Fotos: Divulgação)

A professora e blogueira Lola Aronovich fez uma palestra nesta sexta-feira, 28 de abril, dentro da programação da série de eventos da iniciativa “Educação pela paz e pelo desarmamento nas escolas”. A apresentação on-line foi assistida por um grupo de convidados na sede do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), em Florianópolis, entre os quais estavam o reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Irineu Manoel de Souza, e a vice-reitora Joana Célia dos Passos. O evento teve transmissão pela internet e está disponível no canal do YouTube da TV UFSC.

Antes da palestra, o reitor do IFSC, Maurício Gariba Júnior, passou a palavra a representantes de instituições e entidades presentes. O reitor Irineu Manoel de Souza disse que o momento é de preocupação para todas as instituições escolares, em virtude da tragédia ocorrida na creche de Blumenau. “Estamos vivendo na política do medo”, afirmou o reitor, acrescentando que é preciso aproveitar a situação para buscar união e projetos coletivos. Irineu afirmou que as pessoas adeptas da cultura da paz são maioria na sociedade e destacou que a educação é o maior patrimônio de um país.

Também houve manifestações da reitora do Instituto Federal Catarinense (IFC), Sonia Regina Fernandes; do professor Carlos Alberto Marques, ex-presidente da Apufsc e no ato representando o movimento Humaniza Santa Catarina; da estudante Vitória Vito, presidente da União Catarinense de Estudantes (UCE); do representante do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe) Paulo Amorim; e do professor Adriano Larentes da Silva, pró-reitor de Ensino do IFSC.

Misoginia

A professora Lola Aronovich, que já morou em Santa Catarina, disse estar triste em ver a radicalização do discurso no Estado. De acordo com ela, a extrema direita tem ligação com discursos de ódio e armamentismo. “Vimos nos últimos quatro anos um discurso de ataques às escolas e universidades.”

Ela fez uma fala embasada nas suas experiências pessoais – desde 2010 sofre perseguições de grupos masculinistas – e também em estudos e pesquisas na área. Em dezembro de 2022, a convite da equipe de transição do governo federal, integrou um grupo de 12 mulheres encarregado de elaborar um relatório sobre massacres em escolas. E, desde o início de março, foi convidada pelo ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, para elaborar um estudo sobre fake news.

Professor Irineu pregou união e projetos coletivos para melhorar segurança nas escolas

Ao monitorar fóruns virtuais, Lola disse ter aprendido que “a misoginia é a porta de entrada para drogas mais pesadas na internet”; que muitos misóginos são também neonazistas; e que a extrema direita é muito influenciada por teorias da conspiração e negacionismos. Os grupos de ódio, destacou, que antes atuavam no anonimato, agora estão mostrando a cara. Geralmente são vitimistas – homens oprimidos vivendo em um mundo dominado por mulheres – e vinculados ao armamentismo e a ações violentas.

Um lema corrente neste universo, que muitas vezes se aproveita de jovens fragilizados emocionalmente, é “o mundo te odeia, devolva esse ódio”. Com isso, influenciam pessoas que manifestam tendências suicidas a promoverem massacres e assassinatos.

Lola Aronovich disse que o advento da internet foi muito importante para a popularização e propagação de discursos de ódio. De acordo com ela, existem redes sociais e plataformas que não se empenham em bloquear e retirar da internet conteúdos de ódio, preconceito e incitação à violência. Citou o caso de um massacre ocorrido na Califórnia, em 2014, que por muitos anos teve imagens relacionadas ao crime e exaltações ao assassino acessíveis em uma grande plataforma de compartilhamento de vídeos.

Ela disse também que experiências internacionais, como a dos Estados Unidos, indicam que o armamento geral da população não é eficiente para conter massacres. “Muito mais importante que ter policiais armados em escolas é ter monitoramento de grupos de ódio na internet”, destacou. Para a professora, a polícia brasileira tem usado cada vez mais a inteligência e o monitoramento da internet para impedir massacres.

Dolores Aronovich Aguero é argentina naturalizada brasileira, com mestrado e doutorado em Língua Inglesa pela UFSC. Há 13 anos mora em Fortaleza (CE) e é professora da Universidade Federal do Ceará. É criadora do Escreva, Lola, Escreva, um dos maiores blogs feministas do Brasil.





 

Luís Carlos Ferrari / Secom / UFSC

 

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