Campeã catarinense, surfista de 11 anos tem rotina de dedicação: ‘quero chegar no mundial’

“Tenho uma grande carreira pela frente e quero chegar no mundial”, a frase confiante é de Valentina Zanoni, surfista de 11 anos que já é campeã catarinense nas categorias de base e vice-campeã de etapa do  Ciurcuito Nacional de Surfe.

Com uma rotina envolvendo surfe, academia, natação, fisioterapia, yoga, estudo e muita dedicação, ela contou ao ND+ um pouco sobre a história, principais conquistas e grandes sonhos que pretende tornar realidade.

Surf

A surfista de 11 anos conta que o foco, além da vitória, é sempre a diversão – Foto: Luiz Lerner/ND

De onde vem a paixão pelo surfe?

Apaixonada pelo surfe desde os quatro anos de idade, Valentina lembra de um momento muito especial em que viu na televisão o Gabriel Medina, brasileiro destaque na modalidade, pegar uma onda de tubo. Imediatamente a garota desejou sentir aquelas emoções que só o surfe poderia lhe proporcionar.

A primeira prancha da pequena Valen, como é conhecida entre os amigos, chegou no Natal após um pedido feito ao pai. Na época, os pais pensavam que seria apenas uma vontade passageira. Contudo, após uma temporada de verão nas praias de Guaratuba, no Paraná, descobriram que o desejo de surfar ia muito além.

“Ela praticava natação mas não gostava muito, queria mais aventura já que a piscina era muito pequena para a Valen”, comenta a mãe, Beatriz.

Valentina e a mãe conversaram com o ND+ acerca dos desafios da menina prodígio – Foto: Luiz Lerner/ND

De São Paulo a Santa Catarina

Sempre apoiando as vontades da filha, a família se mudou do interior de São Paulo para Itapema e posteriormente para Itajaí, no Litoral Norte de Santa Catarina, onde vivem até hoje. Beatriz tornou-se guarda-vidas civil, já que queria conciliar o emprego à vida da filha.

Agora, ela trabalha nas praias da cidade enquanto acompanha a menina no esporte. “Sempre a incentivei, embora ela goste quando o mar está agitado, com ondas mais fortes e altas, o que me dá medo”, relata Beatriz sobre os receios que tem. Ela reforçou que, nesses casos, só deixa Valen surfar se for de colete e acompanhada de algum profissional de confiança.

Conquistas, títulos e diversão

A carreira de competições da jovem surfista começou em 2022, quando garantiu o primeiro lugar no Circuito Catarinense de Surf de Base, realizado no fim do ano em Florianópolis, capital do Estado. Outro destaque dentre os troféus da “pequena grande” estrela é o segundo lugar conquistado em maio na categoria sub-12 de uma etapa do Circuito Nacional CBSurf 2023, disputado em Pernambuco, nordeste do Brasil.

Catarinense de 11 anos estreou com 2º lugar em circuito nacional de surf – Foto: Fecasurf/Reprodução

Após a passagem pelo Nacional, Valen foi para Baía Formosa, no Rio Grande do Norte, cidade do campeão olímpico de surfe Ítalo Ferreira. Em seguida, ela ainda participou do Hang Loose Surf Attack, em Mongaguá, São Paulo. Para 2023, o maior objetivo dela é vencer o campeonato brasileiro.

Mas é claro que não poderia faltar diversão, certo? Inclusive, Beatriz e Valentina têm até um acordo para os campeonatos, reforçando que o importante mesmo é se divertir, aprender e continuar tentando. “Vai se divertir, vai brincar que o resto eu cuido”, pontua a mãe.

Esporte X Estudo

Relacionar esporte e estudo não é uma “onda difícil” para a garota, que ama estudar com as amigas e fazer novas amizades através do surfe, isso fica mais fácil, inclusive, por conta do apoio e incentivo que a própria escola fornece a ela.

Repleta de atividades, a rotina da atleta durante a semana é agitada. Pela manhã vai à escola, agora na 7ª série, e à tarde se dedica a atividades como o surfe, academia, natação, fisioterapia, yoga e, claro, diversão. Durante a noite, Valen volta aos estudos, fazendo temas de casa, trabalhos, estudando para provas e indo dormir cedo, já que o sono é fundamental para o bom desempenho.

“Eu gosto dessa correria, porque quando o dia fica muito parado eu até estranho e me pergunto o que vou fazer”, lembra a surfista.

Ela ainda mantém uma alimentação saudável, sem beber refrigerante e nem comer salgadinho, bolacha recheada, entre outros alimentos intitulados pela mãe como “besteira”.

Valentina comenta com orgulho de viagens que já fez pelo mundo, conhecendo praias de destaque no surfe – Foto: Luiz Lerner/ND

A vida não é um mar de rosas

Apesar dos destaques femininos dentro do surfe, a modalidade ainda é bem masculina. Conforme Beatriz, Valentina sofre por ser menina e criança no esporte, o que não a impede de se dedicar e batalhar para ir cada vez mais longe.

Contudo, o Litoral Norte de Santa Catarina conta com muitos surfistas que se reúnem no final de semana e em campeonatos para praticar, se divertir e descontrair. Durante a semana, Valen treina sozinha nas praias em que a mãe trabalha, mas aos sábados e domingos fica livre para se encontrar com colegas de Balneário Camboriú, Itapema e Mariscal, por exemplo.

“Toda criança tem que estar no esporte, independente de qual seja. Eu cresci com isso e tenho certeza que nos torna pessoas mais responsáveis, com caráter e com compromisso no trabalho”, afirma a guarda-vidas.

Por outro lado, não necessariamente negativo, ela comentou que Valen abriu mão de aproveitar vários aniversários, encontros com amigas, brincadeiras e até de acordar tarde no final de semana.

E como é difícil ter que sempre acordar cedo, passar frio no mar e ficar em atividade durante o dia todo, a família faz um planejamento anual dando foco ao objetivo principal daquele período. “Ela chega e fala: ‘esse ano eu quero isso’. Então a gente faz acontecer”.

Inclusive, a surfista diz que já se sentiu pressionada em alguns campeonatos, não por conta de patrocinadores, dos pais ou de adversários, mas sim por conta das próprias cobranças que ela coloca sobre si. “Quando eu dou meu máximo as coisas fluem e dá tudo certo”.

Muito surfe, famosos e aprendizado

No próximo dia 20 de junho, a estrela do surfe vai para Saquarema, onde vai assistir a uma etapa do Campeonato Mundial 2023, bem como participar do Rising Tides, evento que promove a interação entre meninas e mulheres profissionais do surfe. Com muita animação, ela destacou que almeja conhecer as ídolas Caitlin Simmers e Molly Picklum, ambas survistas muito jovens.

Já no mês que vem, Valen vai passar cerca de 20 dias em El Salvador, na América Central, para treinar e aperfeiçoar as habilidades em determinados estilos de surfe. Em agosto e outubro a surfista disputa as duas próximas etapas do Circuito Nacional.

Perrengues…

Sobre a vida de surfista, a mãe relatou que existem tipos específicos de prancha para cada mar, como mar gordo, pesado, cavado, grande, pequeno, com vento, sem vento, entre outros. E essa “coleção” de equipamentos precisa ser transportada através de um sarcófago, espécie de mala para o transporte das pranchas.

Na prática, é cobrado um valor elevado para o despacho da bagagem que, além disso, recebe um tratamento inadequado em voos, por exemplo. O assunto até deixa a garota irritada: “eles não têm nenhum tipo de cuidado com nosso sarcófago em aeroportos, jogam de qualquer jeito, sem contar que nenhum motorista de aplicativo aceita levar isso”.

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