Os trabalhadores e trabalhadoras que movimentam a economia de Itajaí

Antes que o sol nasça, já tem gente na rua, e é essa gente que faz Itajaí, no Litoral Norte de Santa Catarina, crescer e se consolidar como a 28ª maior economia do Brasil.

É gente como o Jeferson Cardoso, trabalhador da capatazia do Porto de Itajaí; a Aila Cristina Zabloski da Silva, auxiliar de limpeza na construção civil; o Ernando João Alves Júnior, que também trabalha no porto; e a Elaine Cristina Silva dos Santos, porteira.

Elaine e Aila trabalham na construção civil e contam como é ser mulher em uma área predominantemente masculina – Foto: Kassia Salles/ND

Segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho, Itajaí tem mais de 107 mil empregos formais. Os dados são de fevereiro de 2023. São trabalhadores do setor industrial, do comércio, serviços, construção civil e agricultura.

Só no sistema portuário de Itajaí, são mais de 400 trabalhadores registrados no sindicato da categoria. Trabalhadores que são responsáveis por receber e despachar os contêineres que chegam no porto.

Jeferson é a terceira geração da família dele a trabalhar no porto: “agradeço a Deus pelo trabalho” – Foto: Matheus Souza/ND

Jeferson é um deles, e a profissão é a herança do avô, do pai, do tio e de toda uma família que tira do porto o ganha-pão por várias gerações. Já são 19 anos de dedicação. Mesmo antes de entrar no porto, em 2004, “eu já almejava aquilo, já via meus familiares trabalhando ali, e eu sou muito feliz, sempre agradecendo a Deus pelo trabalho”.

Ernando explica que os servidores da capatazia não têm vínculo empregatício, mas são registrados e acionados quando há necessidade. A situação atual do Porto de Itajaí, no entanto, deixa os trabalhadores incertos e com menos trabalho.

A atuação deles é 24 horas, e em tempos de porto cheio, era possível descarregar mais de 200 contêineres em um turno de seis horas. São eles que recebem os caminhões, operam empilhadeiras de grande porte, que retiram os contêineres dos caminhões, ou no guindaste, que abastece os navios com os contêineres.

Trabalhadores do Porto de Itajaí ajudaram a consolidar a economia da cidade, mas vivem em incerteza após “novela” da privatização – Foto: Kassia Salles/ND

Mulheres

“Quando você faz o que gosta, não é trabalho”, define Eliane, porteira de uma obra na Praia Brava, em Itajaí. Ela só está há um mês na função, mas já vê pela frente um futuro. “Pensei em fazer cursos, tenho vontade de me especializar e continuar na construção civil”, revela.

Antes de ser porteira, Eliane já foi segurança privada, mas é na obra que ela se encontrou. E mesmo sendo uma mulher em uma área predominantemente masculina, ela nunca enfrentou problemas.

Aila, além de não ter tido experiências ruins, vê o trabalho como essencial. Ela não coloca os tijolos que constroem a futura casa de alguém, mas mantém o refeitório e as áreas comuns limpas e organizadas para quem trabalha diretamente na construção. “Os meninos até falam quando eu não venho que não é a mesma coisa, eles sentem minha falta”, conta.

O futuro

“A minha filha tem curiosidade, quer vir pra obra, mas não pode. Mas o sonho dela mesmo é ser médica veterinária”, conta. É com os frutos do próprio trabalho que Aila espera poder realizar o sonho da filha.

Presidente do sindicato da categoria, Ernando já trabalha há 19 anos na capatazia do Porto de Itajaí – Foto: Matheus Souza/ND

Ernando também conta que os quatro filhos têm curiosidade do trabalho no porto. “Os pequenos têm bastante curiosidade, no Dia das Crianças participaram de uma ação no porto onde puderam ver um pouco do trabalho que é feito”, conta.

Pilares da economia itajaiense

No final de 2022, Itajaí se tornou a 28ª economia do Brasil, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O ranking leva em conta dados de 2020, que mostram ainda que a cidade foi a primeira em Santa Catarina que mais cresceu. Ao todo, o Município gerou R$ 33.084.145.000,00 em riquezas, o que representa quase R$5 bilhões a mais do que em 2019.

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