‘Trovão Vermelho’: catarinense transforma Fiat Uno 1992 em motorhome e viaja pelo Brasil

 

A resiliência do catarinense Nilton Brini, de 71 anos, inspira muitas pessoas. A bordo de um Fiat Uno 1992, conhecido como “Trovão Vermelho”, o aposentado vive aventuras e coleciona memórias únicas das belas paisagens brasileiras.

‘Trovão vermelho’: catarinense transforma Fiat Uno 1992 em motorhome e viaja pelo Brasil – Foto: Arquivo Pessoal/Reprodução/ND

Natural de Lontras, no Alto Vale do Itajaí, Nilton tem moradia fixa em Blumenau há quase 50 anos, onde reside com a esposa. Durante a maior  parte da vida, ele trabalhou como caminhoneiro, até se aposentar, mas não conseguiu ficar longe das estradas.

Fiat Uno foi transformado em uma casa sobre rodas

Em entrevista ao Portal ND Mais, o aposentado comenta que já rodou mais de 350 mil km pelo Brasil com o Fiat Uno. Com diversos adesivos de viajantes espalhados pelo carro, o Trovão Vermelho proporciona grandes aventuras para Nilton.

Mas como surgiu a ideia de transformar o veículo em um motorhome? O catarinense explica que em uma de suas viagens para Aparecida do Norte, em São Paulo, ele parou em um posto de combustíveis e se deparou com um Fiat Uno reformado, com uma espécie de cama em seu interior.

Fiat Uno foi transformado em uma casa móvel - Arquivo Pessoal/Reprodução/ND

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Fiat Uno foi transformado em uma casa móvel – Arquivo Pessoal/Reprodução/ND

Trovão vermelho se tornou um lar sob rodas para Nilton - Arquivo Pessoal/Reprodução/ND

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Trovão vermelho se tornou um lar sob rodas para Nilton – Arquivo Pessoal/Reprodução/ND

Ele refletiu sobre seu carro, que estava parado na garagem, e resolveu adotar a ideia. O Trovão Vermelho foi adaptado com colchão, uma pequena geladeira, cortinas e um espaço para um fogareiro e utensílios de cozinha.

Nos últimos nove anos, o catarinense explora as estradas de uma forma diferente, mas antes disso acontecer, Nilton passou por momentos desafiadores.

Ao se aposentar, há cerca de 13 anos, ele passou a ingerir bebida alcoólica constantemente, o que gerou graves problemas de saúde. Por conta disso, ele precisou passar por um transplante de fígado.

“Eu nasci de novo por causa desse carro velho, comecei a viver quando comecei a rodar com ele. Hoje eu não bebo, não fumo, não tenho vício nenhum”, ressaltou.

Além do Brasil, Nilton já viajou de Fiat Uno até a Argentina, mas suas principais aventuras foram nos estados brasileiros. Com o carro, o aposentado explorou desde as praias catarinenses até as montanhas de Minas Gerais, o interior de São Paulo e o litoral do Espírito Santo, dormindo dentro do carro e seguindo viagem no dia seguinte.

 

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“Estou com 71 anos e é ficar dois dias em casa que já quero pegar a estrada de novo, sair sem destino certo. Onde o vento me jogar, eu vou”, comentou o viajante.

Uma vida diferente na estrada

Há cerca de dois anos, Nilton adquiriu uma carreta fechada para acoplar à traseira do Fiat Uno, transformando-a em uma nova casa sobre rodas, equipada com cama, televisão e até mesmo um vaso sanitário portátil.

Com uma larga experiência nas estradas, o caminhoneiro aposentado dirige por vários dias sem destino concreto, seguindo sua intuição e os cuidados necessários quando se viaja sozinho.

Um desses cuidados é sempre estacionar o carro para dormir em postos 24 horas. Ele também não dirige a noite e anda conforme o limite de velocidade estipulado nas vias.

Nilton Brini compartilha as viagens a bordo do Trovão Vermelho, o Fiat Uno 1992 que transformou seu modo de viver – Foto: Arquivo Pessoal/Reprodução/ND

Ao lembrar das cidades visitadas, Nilton destaca seu amor pelo Brasil, o qual diz não trocar por nada. Um dos lugares mais marcantes para ele fica em Minas Gerais, no município chamado Planura, que conta com pouco mais de 12 mil habitantes.

“Eu entrei no triângulo mineiro e vim coxeando a Serra da Canastra, 480 km rodados em estrada de barro. É muito lindo, você vai andando e de repente cai em uma cidadezinha que fica marcada na memória da gente”.

Trovão Vermelho e a inspiração para gerações mais novas

Nilton recorda que começou a dirigir aos 14 anos, quando seu pai o comprou seu primeiro caminhão. Ele trabalhava na roça com o veículo e tinha um primo mais velho, que comprou um caminhão caçamba vermelho, utilizado para transportar areia.

“Atrás tinha uma grande badana escrito ‘Trovão Vermelho’ e aquilo ficou na minha cabeça, quando peguei meu carro Fiat Uno pensei em colocar o mesmo nome, porque foi uma memória de infância que ficou marcada”.

A história de vida e resiliência de Nilton inspirou muitas pessoas. Uma delas foi um homem que mudou de vida ao conhecer a jornada do aposentado e já percorreu mais de 30 países a bordo de um Fiat Uno.

“Se tem vontade, lute por isso, não desista do seu sonho. Eu sempre digo para viver o agora, porque você não sabe se vai ter uma vida melhor depois”, disse. “Não pode parar, é igual carro velho, parou, enferruja. Então muita gente se espelha em mim, que com 71 anos estou rodando por aí, vivendo a vida”, completou o aposentado.

Nilton enfatiza que enquanto puder andar, estará nas estradas, sendo feliz e inspirando outras pessoas que desejam fazer o mesmo.

“Eu caio às vezes, amputei parte do pé esquerdo há uns 12 anos, peguei Covid-19, precisei tirar um rim ano passado, tive dengue recentemente, mas me recupero muito fácil, não sei se é a vontade de pegar a estrada ou coisa de Deus mesmo”, comentou.

O que surgiu na vida do aposentado como trabalho, se tornou sua motivação e felicidade. Sozinho, ele desfruta de lugares únicos em meio às mais belas paisagens do Brasil.

 

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