De SC para o mundo: André Bochecha relembra aventuras na The Ocean Race e Olimpíadas

Mais de 20 anos dedicados ao mar, três participações em Olimpíadas e três na The Ocean Race, a regata de volta ao mundo. Essa é a história de André Fonseca, o Bochecha, velejador catarinense que sabe tudo e mais um pouco sobre a competição que está sediada em Itajaí, Litoral Norte de Santa Catarina, até o próximo dia 23 de abril.

Natural de Florianópolis, capital do Estado, André tem 44 anos, quase todos eles vividos perto do mar. O envolvimento com os barcos já vem da infância, por influência da família, principalmente do pai, que sempre teve barco de cruzeiro e até competia de forma amadora.

André Bochecha traça olhar sobre o passado e relembra aventuras na The Ocean Race e Olimpíadas – Foto: Bruno Golembiewski/Arquivo pessoal/ND

Nas visitas com o pai ao Iate Clube de Santa Catarina, o pequeno André já olhava curioso e aprendia tudo que podia. Com 14 anos começou em uma escolinha de vela, e logo já vieram os primeiros títulos na categoria júnior. Era ali o início de uma grande caminhada.

“Desde que criancinha já estava dentro de barco, comecei com 6 anos e nunca mais parei de navegar”, lembra.

Desde criança a paixão pelo mar e barcos se revelou a Bochecha o que resultou em uma profissão para a vida toda – Foto: Arquivo pessoal/ND

Já com 18 anos teve a oportunidade de velejar na classe 470 (de duas pessoas) com o Alexandre Paradeda, e em seguida já teve a oportunidade de ir para a Olimpíada em Sydney, na Austrália, no ano 2000. Em 2004 esteve em Atenas, na Grécia, para a segunda participação olímpica, desta vez na categoria Skiff 49er, terminando em 6º lugar. Em 2008, competiu em Pequim, na China e também teve novamente um grande resultado, terminando em 7º.

“Nunca imaginei que fosse se tornar uma profissão ou que eu fosse tão longe, mas esse entusiasmo por velejar vem desde sempre, aliado ao encanto pela natureza, pelo mar, vento e tudo que está junto dela”, explica.

Bochecha traça olhar sobre o passado e conta com paixão de criança o levou a olimpíadas e The Ocean Race – Foto: Arquivo pessoal/ND

O início no Brasil 1

Paralelo às classes olímpicas, desenvolveu conhecimento técnico e experiência para também iniciar a trajetória em competições em barcos de oceano. A primeira participação de Bochecha na The Ocean Race foi em 2005-2006, no Brasil 1.

Com uma equipe toda brasileira comandada por Torben Grael, ele participou desde o início do projeto, com a construção da embarcação, dos treinamentos e seguiu até o fim. O time brasileiro terminou em 3º na classificação geral.

Já em 2008-2009, esteve na Delta Lloyd, equipe Holandesa. Ingressando já com a regata em andamento e com vários percalços no caminho, ajudando a equipe a superar adversidades, essa experiência fez André se consolidar como um velejador internacional.

Equipe de brasileiros conquistou 3ª posição no ranking geral da The Ocean Race em 2005 – Foto: Arquivo pessoal/ND

Com duas regatas já no currículo, ele foi convidado a participar da equipe Mapfre, em 2015. Mesmo com pouco tempo de treinamento, se destacou na equipe, sendo chefe de turno. A chegada a Itajaí, para ele, foi muito marcante, pois foi recebido com muita festa na cidade.

Em visita a Vila da Regata, André relembra os grandes momentos vividos na The Ocean e se orgulha da consolidação de Itajaí e de Santa Catarina como sedes da maior regata transatlântica do mundo.

“É motivo de muito orgulho ver como Itajaí e Santa Catarina se consolidaram como uma das paradas da The Ocean Race. Itajaí faz um grande trabalho. É considerada por muitos como uma das melhores etapas de toda a regata, por toda a capacidade de organização, questões logísticas, além de capacidade de tornar o evento na cidade em uma grande festa”.

André Bochecha, que navegou no Brasil 1, aponta caminhos para que o país volte a ter velejadores na The Ocean Race – Foto: Bruno Golembiewski/ND

De olhos bem atentos a todas as etapas, acompanhando no site oficial, observa as condições climáticas e tenta decifrar as estratégias adotadas por cada equipe.

Mesmo não participando da regata de volta ao mundo, André segue velejando e tem uma agenda de competições durante o ano. Participa de eventos e competições relacionadas ao esporte, com barcos de oceano, também algumas regatas grandes, além de dar alguns treinamentos para velejadores.

André Bochecha visitou a Ocean Live Park em Itajaí e conversou com o ND+ – Foto: Bruno Golembiewski/ND

Na torcida por amigos espalhados por várias equipes, André não esconde que a vontade de participar da The Ocean Race novamente é grande. Ele espera, principalmente, poder ver uma equipe brasileira novamente competindo.

“A regata me prende muito, dá muita vontade de estar nela participando. Vamos pra 5ª regata em Itajaí, já está mais do que na hora de termos uma embarcação catarinense na água. O protagonismo que teria isso, com torcida local é muito diferente, especial. A principal dificuldade é encontrar patrocinadores, porque pessoas e velejadores capacitados nós temos”, garante.

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