Em terra de grandes obras, como SC faz para driblar a queda do número de engenheiros

Santa Catarina, em especial o Litoral Norte do estado, vive ascensão no mercado imobiliário alavancada pela construção civil. Prova disso é a alta dos preços dos metros quadrados de cidades como Balneário Camboriú, Itapema e Itajaí.

Risco de falta de engenheiros preocupa mercado em SC – Foto: Reprodução/Freepik/ND

Porém, o número de engenheiros no Brasil está diminuindo. Segundo dados do MEC (Ministério da Educação), em 2023, pouco mais de 358 mil jovens ingressaram nos cursos de engenharia, uma queda de 23% em menos de uma década. Além disso, mais da metade dos estudantes desiste antes de concluir a graduação, agravando a situação.

Qual seria o motivo desse fenômeno? Segundo o coordenador da Assessoria de Integração Profissional do Crea-SC (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia), Rodrigo Rudolf Espindola, o problema começa nos primeiros semestres da faculdade.

“Disciplinas como cálculo e física exigem uma base sólida em matemática e ciências, mas muitos estudantes chegam sem esse preparo do ensino médio, tornando o início do curso um grande obstáculo. A falta de conexão entre teoria e prática também desmotiva muitos alunos”, explica.

Mercado de trabalho já sente a mudança no número de engenheiros

Os reflexos desse cenário já são sentidos no mercado. Atualmente, conforme alerta o presidente do Confea (Conselho Federal de Engenharia e Agronomia), engenheiro Vinicius Marchese, o déficit de engenheiros no Brasil chega a 500 mil profissionais e, se nada mudar, esse número pode dobrar até 2030.

“Essa escassez já impacta diretamente a infraestrutura do país, com obras atrasadas, prejudicando a mobilidade e gerando custos adicionais. Além disso, a dependência do Brasil por tecnologia importada dificulta a inovação e o crescimento industrial, fazendo com que o país perca competitividade e sofra com as oscilações do mercado global”, salienta Espíndola.

SC conta com iniciativa para mitigar o problema

Apesar desse cenário preocupante, há iniciativas que podem reverter essa tendência. O CREA Jr. é um programa vinculado ao CREA-SC que aproxima estudantes do mercado de trabalho por meio de visitas técnicas, workshops e eventos práticos, proporcionando uma visão real da profissão e despertando o interesse pela engenharia ao conectar os jovens com oportunidades concretas.

Estudantes e recém-formados podem participar de programas do CREA-SC – Foto: CREA-SC/Divulgação

“Expandir programas como esse pode incentivar mais estudantes a concluírem a graduação e ingressarem no mercado”, diz o coordenador de Assessoria de Integração Profissional do conselho.

Entre os objetivos do CREA Jr. está a integração com o Conselho, permitindo uma familiarização com suas estruturas, funções e importância; formação de novas lideranças; desenvolvimento pessoal e profissional; e networking.

“O Brasil precisa agir rápido. Investir na educação básica, modernizar currículos e criar incentivos para tornar a engenharia mais atrativa são passos fundamentais. A valorização da engenharia não pode ser apenas um discurso. Precisamos transformá-la em ações concretas. Afinal, cada grande obra, cada avanço tecnológico e cada inovação que impulsiona o país nasce do trabalho de um engenheiro. Sem eles, o Brasil não apenas fica para trás — ele para”, finaliza Espíndola.

 

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