Com contação de história, projeto estimula a leitura, comunicação e lógica em Navegantes

A lenda com as bruxas é algo antigo, que já esteve presente em muitas épocas. No Centro Educacional Municipal (CEM) Professora Clarinda Maria Gaya, em Navegantes, por exemplo, o poema “O Caldeirão da Bruxa” foi o ponto de partida para uma experiência que ultrapassou a contação de história.

Professora, supervisora, diretora e aluna, integrantes do projeto de contação de história

Professora, supervisora, diretora e aluna integrantes do projeto de contação de história – Foto: CEM Professora Clarinda Maria Gaya/ Divulgação its Teens

Com a participação das turmas da Educação Infantil e os anos iniciais do Ensino Fundamental, os participantes colocaram a mão na massa, aprendendo a receita da bruxa. Os pequenos também passaram pelas “estações sensoriais”, espaços que foram planejados para instigar curiosidade, imaginação, lógica, comunicação e oralidade.

A ideia de trazer um novo experimento por meio da contação de história surgiu de um questionamento feito na reunião com a equipe escolar. A frase que motivou a professora Daiani Kersting foi: “É nos momentos de desafios que surgem as grandes ideias” — e a palavra desafio esteve presente em todos os momentos, desde a preparação do local até a interação dos pequenos.

Junto das diretoras Joice Largura Oliveira Francisco e Elisandra Pereira Bento Couto, em parceria com a supervisora Rosane Roncálio, toda a unidade parou para apreciar a contação de história — seja na troca entre os mais velhos e os pequenos ou na participação dos integrantes na hora de misturar os ingredientes junto com a bruxa.

Além de cumprir com o calendário de atividades da Secretaria Municipal de Educação de Navegantes, a contação de história foi uma oportunidade para colocar o ensino em movimento.

“Víamos as crianças chorando, rindo, querendo voltar para entender a experiência, aquele ingrediente que estava fazendo essa mágica e a participação”, conta a supervisora.

A reação das turmas em cada aprendizagem também deixou marcas. “Quando se pensa num projeto desse, não se pensa só no processo. Foi além e faltam palavras para dizer como esse projeto foi rico para o desenvolvimento das crianças”, explica Rosane.

Pó de café, botão de boné: faltou algo na contação de história?

Pode parecer loucura, mas existem vários itens que compõem a receita de uma bruxa. Desde os mais simples, como o café, até os mais desafiadores, como a unha de um dedão, tudo precisa ser calculado nos mínimos detalhes — caso contrário o resultado pode ser desastroso.

No caso de Daiani, o primeiro passo foi buscar referências que fossem além daquilo que as crianças já conheciam. “A receita na verdade era um poema. Em cima desse poema a gente fez uma recriação, a gente contou uma história em cima de um poema”, menciona a professora.

E na recriação, que em certo momento parecia receita e depois uma história, os pequenos foram desafiados a participar de cinco etapas: a estação sensorial, caminhando por um tapete confeccionado com diversas texturas, incluindo esponja de cozinha, brita, gelo, lixa e algodão; a estação do palco principal, com a contação de história e a participação na receita da bruxa — teve até quem precisou contribuir com um pedaço de unha; a estação do cantinho da matemática, com jogo da memória e quantificação; a estação da caverna da bruxa, uma barraca com o alfabeto e o desafio de identificar as letras com a luz de led; e a estação tenda da luz, um ambiente com livros, almofadas e muitos contos.

E se a reação dos participantes foi um misto de alegria, medo e descoberta, o retorno é reflexo de quem esteve à frente do projeto, envolvendo a própria turma na produção e coordenação.

“A minha veia é Educação Infantil. Eu sempre fui estimulada a estimular. Com esse projeto eu tive a oportunidade de dizer: ‘vamos fazer uma coisa integradora, um projeto integrador entre todos, né? Tipo, de cabo a rabo, de A a Z, né? Vamos tentar’. E aí, se der certo, beleza, vamos para o próximo. Se não der certo, vamos aprimorar, porque contemplou todas as idades”, fala Daiane.

E para quem convive com os pequenos, colocar em xeque aquilo que é considerado habitual também é uma forma de ensinar.

“A educação é sentir. Você sente o olho da criança, sente ela na aprendizagem, muito mais do que avaliação, você sente a educação. E é isso que eu queria com eles, que eles sentissem e eles sentiram a aprendizagem”, finaliza a professora.

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