Investigação contra dentista de Florianópolis após hospitalização aponta lesão corporal

A 1ª Delegacia de Polícia Civil da Capital concluiu que o dentista Anderson Silva, dono da Hof Clinic, em Florianópolis, praticou “lesão corporal culposa” em uma mulher que foi hospitalizada após procedimento estético no local. A informação foi obtida com exclusividade pelo portal ND+ nesta quinta-feira (18).

A conclusão da investigação foi encaminhada para a promotoria do Juizado Especial Criminal de Florianópolis, que decide se vai indiciar ou não Anderson Silva, ou fazer um acordo com ambas as pessoas envolvidas. Caso condenado, de acordo com o artigo 129 parágrafo 6 do Código Penal Brasileiro, o dentista pode ser penalizado entre dois meses a um ano de prisão. Segundo a legislação, lesão corporal culposa é quando não há intenção de ferir a vítima.

O CRO-SC (Conselho Regional de Odontologia de Santa Catarina), já suspendeu nesta segunda-feira (15) o registro profissional de Anderson Silva, por 30 dias.

Mulher relata ter tido reação alérgica grave após retoque de botox – Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal/ND

Durante a investigação, a mulher, que prefere não ser identificada, foi submetida a uma perícia realizada por um médico legista do IGP (Instituto Geral de Perícias). O profissional apontou que a vítima sofreu lesão corporal e correu risco de vida. Foi esta conclusão que deu uma das bases para a Polícia concluir a investigação e fazer com que Anderson assinasse um Termo Circunstanciado, de que estava ciente do resultado do laudo.

Anderson Silva e a esposa Deisy Karina Arenhart da Silva também foram ouvidos pela Polícia. Durante o depoimento, ambos ficaram calados.

Uma das profissionais que atendeu a mulher quando ela deu entrada no hospital deu entrevista ao portal na tarde desta terça-feira (17) e explicou o quadro.

“Informações sobre o caso em específico eu não posso informar, por uma questão de sigilo médico. No entanto, se a pergunta é: pacientes com angioedema podem evoluir com anafilaxia e correr risco de morte, neste caso a resposta é sim”, declara.

Defesa relata que este era o rosto da paciente antes do procedimento  - Reprodução/Arquivo Pessoal/ND
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Defesa relata que este era o rosto da paciente antes do procedimento – Reprodução/Arquivo Pessoal/ND

Reação teria começado cerca de 1h30 após a aplicação  - Reprodução/Arquivo Pessoal/ND
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Reação teria começado cerca de 1h30 após a aplicação – Reprodução/Arquivo Pessoal/ND

Questionado sobre o processo, Anderson Silva não respondeu se deseja se posicionar sobre o assunto. O espaço segue aberto.

Relembre o caso

Uma moradora de Florianópolis fez uma representação na 3ª Vara Criminal da Capital após ser hospitalizada por causa de uma aplicação de botox. A denúncia foi feita contra a Hof Clinic, famosa clínica de estética da cidade que teve as atividades suspensas pelo Procon municipal no dia 4, após investigações sobre irregularidades na venda de produtos e atendimento.

O dentista Anderson Silva e a esposa dele, a farmacêutica Deisy Karina Arenhart da Silva, são citados no documento entregue pela defesa da vítima, por serem donos da clínica. A reportagem do ND+ obteve acesso à representação, cujo recebimento foi confirmado pelo TJSC (Tribunal de Justiça de Santa Catarina).

De acordo com o dentista, a mulher nunca foi atendida por ele. Anderson afirmou ainda que, em seus mais de 20 anos de carreira, ninguém teve problemas como os denunciados pela paciente.

A mulher conta que a primeira aplicação de botox foi feita em 12 de agosto de 2022, quando não houve nenhuma reação. Pouco mais de um mês depois, em 6 de setembro, ela voltou à clínica para consulta de “retorno”, quando foi feita uma nova aplicação.

A segunda aplicação, no entanto, causou efeito alérgico. Cerca de 1h30 após a injeção, a cliente relata que começou a sentir forte aquecimento nos locais da aplicação da toxina botulínica e, posteriormente, por todo o rosto. De acordo com a denúncia encaminhada à 3ª Vara Criminal da Capital, juntamente com a sensação de calor o rosto dela começou a inchar, ficando em pouquíssimo tempo “totalmente desconfigurado”.

“Em total desespero ela começou a fazer compressa com toalha molhada em água corrente, no intuito de diminuir o aquecimento e também o inchaço. O quadro foi se agravando e estando sozinha em casa tentou por diversas vezes em canais diferentes contatar a clínica e seus respectivos responsáveis”, descreve o documento de defesa da vítima.

Imagem mostra local onde Anderson Silva atua – Foto: Reprodução/Google Street View/ND

Ainda segundo o denúncia, após não conseguir ajuda, a mulher ligou para o marido, que estava no trabalho. Ela foi então levada ao atendimento médico mais próximo, no Hospital da Unimed, em São José. Durante o trajeto, a mulher relata que sentiu falta de ar, enjoo e dores no peito.

“Durante os procedimentos imediatos foi constatado o aumento da frequência cardíaca, 230 batimentos por minuto, a falta de oxigenação e em curso o quadro de angioedema, que provocou o inchaço de toda a face e parcialmente da garganta”, detalha a representação.

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