‘Coelho da Páscoa existe?’: como lidar com o momento em que a criança descobre a verdade

Papai Noel, fada do dente e coelhinho da Páscoa são algumas das fantasias que fazem parte do imaginário e do mundo infantil. Na busca por encorajar o pensamento inventivo das crianças, os pais e responsáveis costumam contar histórias e fazer brincadeiras que estimulem a imaginação dos pequenos.

O coelho da Páscoa faz parte do imaginário infantil. – Foto: Unsplash/Divulgação/ND

Para Dafne Andreatta, de 23 anos, descobrir que o coelhinho da Páscoa não existia foi um trauma. Criada em uma família que sempre gostou de preservar tradições, a psicóloga acreditou fielmente na fantasia até os seus seis anos de idade. Entretanto, em um dia na escola, a verdade apareceu.

“Lembro que eu estava na escola e era semana da Páscoa. A gente sempre fazia aquele negócio de caçar ovinho, brincadeiras de se pintar, colocar orelhinha de coelhinho e bater fotos para mandar para os pais”, relembra ela.

Em um certo momento, Emily, a colega de classe que até hoje marca a memória de Dafne, contou que o coelho da Páscoa não existia e que tudo não passava de uma mentira. “Eu falei: ‘garota, existe sim’ e ela me contou que eram os pais que inventavam aquilo. Foi um choque para mim”.

Dafne fantasiada para comemorar a Páscoa quando era criança. – Foto: Arquivo pessoal/Divulgação/ND

O mundo da imaginação

Estimular o universo lúdico faz parte do desenvolvimento da imaginação e da criatividade do universo infantil, avalia a psicóloga infantil Bruna Meira.

“É importante enfatizar que o ideal não é mentir para a criança, mas incentivar que ela ‘brinque’, de certa forma, com essas expressões que são o Papai Noel e o coelho da Páscoa.”

Segundo Bruna, é na brincadeira e com a imaginação que a criança se expressa e interage com o mundo. “É importante que ela tenha esse mundo lúdico mesmo, de imaginar, de criar e de ter cenários que não existem, mas que fazem parte desse universo diferente, fantasioso”, completa.

Como contar?

Assim como Dafne, crianças que acreditam no coelho da Páscoa podem se deparar com a realidade e questionar os responsáveis sobre a verdade. De acordo com a psicóloga, não existe uma idade certa para a conversa, mas é necessário contar a verdade quando esse momento acontecer.

“Quando a criança começar a perguntar muito e já estiver mais desconfiada, não é bom mentir para ela. É preciso falar de uma forma mais aberta.”

Segundo Dafne, seus pais não mentiram para ela, mas também não foram completamente sinceros. Naquele dia após a escola, a pequena confrontou seus responsáveis na busca da verdade.

“Eu falei para eles: ‘Vocês mentiram para mim. O coelhinho não existe, como assim? De onde é que vem os ovos? O que acontece?”, perguntou.

“Depois eles tiveram uma conversa comigo. Falaram que a partir daquele ano o coelhinho só iria aparecer para as crianças menores porque ele não fazia mais chocolate para as crianças maiores. Foi essa a desculpa que eles deram, mas nunca falaram que não existia. A partir dali parei de acreditar em tudo, até em Papai Noel.”

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