Trocar de carreira aos 40? Conheça a história da advogada que guinou ao universo literário

Você teria coragem de mudar de carreira aos 40 anos e ir para outra área que você sempre sonhou? A escritora e advogada Renata Barrozo Baglioli, decidiu, aos 40, dar uma guinada na vida profissional após 20 anos advogando em direito corporativo.

Ela conta que decidiu escutar sua criança interior para seguir um sonho que estava adormecido há anos. Assim, iniciou sua trajetória na literatura, ainda na pandemia, e atualmente já tem cinco livros no currículo.

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Renata Barrozo Baglioli decidiu dar uma guinada na sua vida profissional – Foto: Renata Barrozo Baglioli/Divulgação/ND

Nascida em Curitiba, no Paraná, Renata é escritora em tempo integral e tem como público-alvo todas as idades. Suas primeiras publicações foram focadas no público infantil.

“Tenho um cuidado muito especial com a temática, gosto de trazer leveza e sensibilidade, afinal, as crianças estão em formação e acho essencial cuidarmos da linguagem e da abordagem”, afirma.

Agora, a autora se voltou para temas mais adultos e publicou o livro: “De Salto Alto”, um conjunto de crônicas que analisa as contradições presentes nas relações humanas.

“Na temática dos adultos a linguagem é mais direta, ainda que fluida. Apresento os retratos de cenas que tanto caracterizam o gênero contos, de forma nua e crua, sem rodeios e sem adjetivos”, explica.

“De Salto Alto”

O livro tem mais de 40 contos que abordam sentimentos universais e questões cotidianas das relações humanas. Renata acredita que seu maior propósito com a escrita é despertar o “eu” mais profundo do leitor.

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Capa do livro escrito por Renata – Foto: Divulgação/ND

“Quando meu texto consegue mexer com o leitor, entendo que atingi uma camada mais profunda, em que ele se confronta com seus preconceitos, julgamentos, sentimentos, e que, a partir de um outro ângulo, pode sair da leitura modificado, impactado”, conta.

O conto trata de forma bem resumida os muitos sentimentos conflitantes entre mães e filhos e temas como fim de casamento, superproteção da mãe em relação ao filho, abandono, rejeição, e como essas questões impactam nos relacionamentos dos filhos com os futuros parceiros.

“É justamente para trazer a importância deste papel (dos pais) e da necessidade de nos perguntarmos como estamos criando nossos filhos para superar a validação e projeção de nossas próprias expectativas neles.”

Os sentimentos e relações cotidianas

Renata gosta de escrever sobre os sentimentos e relações cotidianas para que todos os leitores consigam se conectar de uma forma individual com o texto.

Acredito que meus contos no livro “De Salto Alto” não se limitam apenas ao universo feminino, mas, sem dúvida, minha linguagem é mais próxima deste público, o que pode gerar uma identificação maior das mulheres com a obra, já que a voz dos contos é feminina, essa é a perspectiva em foco.

Para a advogada, o imediatismo, aliado a um mundo cada vez mais virtual, afasta as pessoas que amamos e nos desconecta de nossa essência.

“Na correria do dia a dia acabamos ignorando as lições diárias que a vida nos proporciona em todos os sentidos: compaixão, liberdade de escolhas, diversidade, sentimentos positivos, e mesmo aquelas ligadas a perdas, como, morte, doença, tristeza, desamor”, relata.

Dessa forma acabamos vivendo coisas pela metade, de forma superficial e pouco empática. Por isso, Renata acredita que “falar sobre os sentimentos, nominá-los, estimular o autoconhecimento e atitudes empáticas são formas de acessar nossa conexão com o mundo interior e com a humanidade, e a literatura é uma importante linguagem de conexão.”

Mudanças radicais na carreira

A escritora conta que foi muito feliz na advocacia. No entanto, em 2021 ela decidiu mudar e focar em produções literárias.

A pandemia trouxe para Renata a sensação de que o amanhã poderia não chegar, por isso, entendeu que era o momento certo de tomar outros rumos e apostar em um sonho que a acompanhava desde a infância.

“Escrevo poesias desde pequena e sempre vi a literatura e o processo de escrita como uma forma de atingir o autoconhecimento e a cura (e evolução). Revisitei meu propósito ao longo dos últimos anos e me assenhorei da profissão de escritora com a qual eu sempre sonhei”, revela. Na área jurídica, ela sentia que estava presa a conceitos e julgamentos, e isso a tornava mais “quadrada”.

“No meu entendimento, a vida é para ser vivida plenamente, não podemos nos levar tão a sério, mas, ao mesmo tempo, somos responsáveis pelo que semeamos”, declara.

Ela confessa que na escrita pôde enxergar a possibilidade de trazer equilíbrio para esta equação e deixar um legado para as crianças de todas as idades. “O que aprendi nestes últimos anos? Muitas coisas que não estão nas leis…”

Universo infantil e suas narrativas

Seu primeiro livro foi publicado em 2021 e chamava-se “Diogo e a menina-sem-nome”. Apesar da decisão de adotar, de forma exclusiva, a carreira literária, na sua mente ela iria escrever apenas para o público adulto.

“Foi com essa obra que eu desabrochei como escritora e me descobri como ‘contadora’ das histórias de minhas obras nas escolas. Esse acabou sendo um processo muito natural e espontâneo, e, quando me vi falando com as crianças, eu estava sorrindo e realizada”, expressa.

Ela lembra que acompanhou “muito de perto” as aulas escolares durante a pandemia, quando seu filho, que na época tinha 6 anos, estava em processo de alfabetização. “Isso me fez perceber que eu poderia somar no processo de aprendizado das crianças.”

Os temas que Renata trabalha em obras infantis têm muito a ver com o universo que o seu filho proporciona. Ela busca inspirações nos dilemas, experiências, aprendizados e medo que ele vive.

“Quero ajudar outras crianças a superarem desafios por meio da imaginação, de forma lúdica, mas sem se afastar do mundo real.”

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