‘Quase desisti da vida’: Jovem de SC convive com a ‘pior dor do mundo’ há 5 anos

O catarinense Iury Fürbringer, de 29 anos, é um entre os milhares de brasileiros que sofre com a neuralgia do trigêmeo – condição conhecida por provocar ‘a pior dor do mundo’.

Catarinense Iury Furbringer, de 29 anos que sofre com a pior dor do mundo - Homem branco sorrindo em selfie usando camiseta preta. Ele tem olhos verdes claros e cabelo curto penteado para cima

Catarinense Iury Fürbringer tem 29 anos e começou a apresentar os primeiros sintomas em 2019 – Foto: Arquivo Pessoal/Reprodução/ND

Paciente em SC sofre com a ‘pior dor do mundo’

Fürbringer mora em Brusque e é um dos pacientes atendidos pelo neurocirurgião Wuilker Knoner, especialista no tratamento da condição que atende em SC. O catarinense começou a apresentar os primeiros sintomas em 2019, mas o diagnóstico só aconteceu meses depois.

  • Neuralgia do trigêmeo ou nevralgia do trigêmeo é o nome dado a dor intensa que atinge toda a região da face e da boca. Os pacientes podem apresentar picos de “dor em choque” e aumento da sensibilidade – por isso condição é conhecida como a pior dor do mundo.

“Parecia uma dor de dente, como uma beliscadinha em alguns momentos do dia, nada tão forte. Fiz uma restauração enorme nos dentes e passei meses trocando de profissionais”, relembra.

O neurocirurgião e presidente da SBN (Sociedade Brasileira de Neurocirurgia), Wuilker Knoner, diz que é comum os pacientes confundirem a condição com problemas dentários.

“A condição é frequentemente descrita como a ‘pior dor do mundo’ porque as crises são extremamente dolorosas e repentinas, comparadas a choques elétricos ou facadas no rosto, que podem durar de segundos a minutos, com várias crises ocorrendo no mesmo dia. Há relatos na história da medicina de suicídio, quando ainda não existiam tratamentos”, explica o especialista.

Espera por diagnóstico

Mesmo após ser submetido a um exame de ressonância magnética, os médicos não conseguiam identificar o problema de Iury e ele chegou até a fazer um tratamento para sinusite.

“Lembro que fui uma semana inteira ao hospital tomar duas injeções para esse tratamento de sinusite. Mas, como era esperado, nada de melhora. Falamos com uma oncologista amiga da família e ela sugeriu consultar o neurologista para investigar a tal neuralgia do trigêmeo”.

O engenheiro civil, que convive com a dor há cinco anos, fez a cirurgia para descompressão do nervo em agosto de 2022, mas após alguns meses os “beliscos” retornaram e ficaram mais intensos.

Ilustração de procedimento para tratar neuralgia do trigêmeo

Procedimento de descompressão foi um dos primeiros tratamentos feitos pelo catarinense – Foto: Manual MSD/Reprodução/ND

“Eu já estava desistindo da vida. Em abril deste ano conversei com o doutor Wuilker e optei pelo procedimento de rizotomia por radiofrequência, bem menos agressivo, sem cortes, e consigo sair do hospital no mesmo dia. Saí de lá sem nenhuma dor e estou há 3 meses sem dor alguma”, diz.

Procedimento de rizotomia por radiofrequência do nervo trigêmeo é um dos tratamentos para a condição – Foto: Divulgação/ND

“Sei que a dor vai voltar, mas agora sei o caminho certo a seguir. Espero que, de alguma forma, isso alcance mais pessoas”, completa Iury Fürbringer, paciente diagnosticado com a pior dor do mundo.

Além do acompanhamento constante com especialistas, Iury também conta com a colaboração da rede de apoio formada pelos colegas de trabalho e pela família.

“Sempre gosto de avisar a todos que sofro com essa dor, seja no trabalho, para amigos ou colegas nos esportes que faço. Falo justamente para não estranharem em um dia que eu esteja mais cabisbaixo, porque não tem nada que eles possam fazer”, completa.

Sintomas da condição da ‘pior dor do mundo’

  • Dor facial intensa e súbita (como choques ou facadas);
  • Desconfortos provocados por atividades cotidianas como falar, mastigar, escovar os dentes e até tocar no rosto;
  • Dor facial pelo contato com a água ou vento gelado;
  • Formigamento;
  • Dormência no rosto ou espasmos musculares.

Tratamentos

Segundo o neurocirurgião Wuilker Knoner, os tratamentos para a pior dor do mundo podem variar conforme a necessidade de cada paciente, incluindo:

  • Medicamentos que ajudam a estabilizar os choques do nervo;
  • Cirurgias abertas que descomprimem o nervo da artéria ou lesionam quando os exames de ressonância magnética do crânio mostram essa condição;
  • Procedimentos percutâneos que fazem a cauterização do nervo, interrompendo a transmissão dos choques elétricos.
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