Lula minimiza falta de apoio no Congresso Nacional

Diante da dificuldade de formar uma base sólida na Câmara dos Deputados, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse que deputados da base tem autonomia para votar nas propostas como quiserem. A afirmação foi durante um evento em Fortaleza, no Ceará, nesta sexta-feira (12), onde o presidente estava ao lado do ministro da educação Camilo Santana, para o lançamento de novas vagas para o ensino integral.

Presidente Lula quer evitar escândalos do passado negociando uma proposta por vez no Congresso, avalia especialista. Foto José Cruz/Agência Brasil. – Foto: José Cruz/Agência Brasil

“O deputado pode pensar diferente, pode querer fazer uma emenda, mudar um artigo. E nós temos que entender que isso faz parte do jogo democrático”, afirmou Lula durante o discurso. Na semana anterior, o governo sofreu uma derreta no decreto sobre o saneamento.

O PDL (Projeto de Decreto Legislativo) que derrubava os decretos do presidente Lula que alteraram as regras do Marco do Saneamento foi aprovado por 295 votos favoráveis e 136 contra. O PDL foi colocado em votação de última hora pelo presidente da casa, deputado Arthur Lira (PP-AL).

O líder do Planalto na Casa, deputado José Guimarães (PT-CE), pediu mais tempo para buscar acordo com parlamentares, mas não conseguiu. Depois ele chegou a fazer um desabafo no Plenário, afirmando que a situação tinha ficado como lição.

Para o cientista político Alexandre Rocha, o presidente está governando com cautela e tentando evitar situações do passado. E que nesse discurso entra a liberdade para a bancada. “Ele está atuando de forma mais pragmática, buscando apoio de acordo com as propostas apresentadas. A mensagem é de independência, de que ele (Lula) não vai comprar o parlamentar, não vai procurar a qualquer custo. Mas sabemos que vai negociar com ele”. Afirma o professor.

Formação da base

O professor Alexandre Rocha, explicou também, que o governo tem na Câmara dos Deputados uma divisão da seguinte forma:

– Deputados da base alinhados – aqueles consistentes como o próprio PT e PSOL, somam cerca de 140 deputados.

– Deputados da base condicionada, que votam conforme o interesse da pauta ou o governo atraí-los. Como União Brasil, MDB, que é tradicional nessa forma de atuar por ser plural. São cerca de 200 deputados federais.

– Deputados da oposição –  que são os que não se alinham com o governo, como o PL. Nessa linha, são aproximadamente 160.

O cientista político firmou que dependendo da pauta, o governo negocia com base consistente e condicionada, somando 330 deputados, até 360 que é um número razoável para aprovar propostas. “Temos um governo pragmático, Lula sabe que o Congresso, pode cobrar alto para ter adesão. Então está procurando os deputados em cada assunto. O que é interessante, acaba negociando. Diferente do passado quando teve problema com o mensalão”, explicou o especialista.