Blumenauense realiza sonho da maternidade através da convivência com enteado

Nos contos infantis, a figura da madrasta carrega a fama de ser uma personagem malvada. Na vida real, essas mulheres provam que da relação entre enteado e madrasta pode surgir uma convivência de amor e carinho. É o caso da blumenauense Nara Prado, de 40 anos, e do enteado Marcelo de 8 anos. A história dos dois será contada no especial de Dia das Mães do Portal ND+.

Mulher que não podia ter filhos realiza sonho da maternidade através da convivência com enteado – Foto: Arquivo Pessoal/Reprodução/ND

Antes de falar da convivência de amor e cumplicidade dos dois, é preciso voltar no tempo e relembrar um momento difícil e marcante na vida dessa blumenauense.

Nara sempre teve o sonho de ser mãe. Porém, com diagnóstico de falência ovariana, popularmente conhecida como menopausa precoce, ela descobriu que não poderia ter filhos. “Eu senti tudo o que uma mulher na menopausa sente, desde calorões, insônia, aumento de peso, preguiça, pele e cabelo secos. Quando eu descobri, eu entrei em choque, era casada na época e meu maior sonho sempre foi ser mãe, sempre foi gerar, ver minha barriga crescer. E naquele momento meu mundo caiu, eu gritava dentro do consultório. Foi realmente muito difícil pra mim. Eu sai de lá, decidida a correr atrás do tempo”, relembra.

Ela conta que, na esperança de ainda ovular e poder gerar um filho “naturalmente”, começou a introduzir hormônios. Porém, um exame mostrou que ela não tinha mais possibilidade de engravidar. “Aí eu tinha dois caminho, ou a fertilização in vitro ou adoção. Tentei a fertilização com óvulos de uma outra mulher e engravidei, mas tive um aborto. Falo pra todo mundo que ser mãe durou menos de duas semanas, mas eu estava completamente feliz”.

Foi então que ela começou a ler sobre adoção. “Eu amei a ideia de poder dar amor, meu amor de mãe. Fiz o curso de adoção, lembro que decidimos adotar até dois irmãos. Me separei e exatamente uma semana depois, a assistente social me liga, dizendo pra eu buscar minhas duas filhas”.

“Então, sofrendo muito eu tive que declinar desse sonho naquele momento. Mas fico imaginando que Deus, na sua infinita perfeição, colocou tudo no seu lugar! A prioridade realmente eram elas e eu estava sem condições emocionais nenhuma”, complementa.

“Papai, mamãe e Naroka”

Exatamente um mês depois, Nara conheceu o atual marido, Daniel Naslausky. Marcelinho, filho de Daniel, chegou para transformar a sua vida. “Conheci ele na maratona de Floripa, ele já tinha sido casado, e tinha um filho lindo de 3 anos. Graças a Deus a história deles [Daniel e Fernanda] não teve trauma nenhum e eles são só amor pelo filhote. Então o Marcelo cresceu sabendo da configuração familiar: papai, mamãe e Naroka”, conta Nara.

Nara e o enteado Marcelo – Foto: Arquivo Pessoal/Reprodução/ND

“Eu não queria que o Marcelo crescesse e me chamasse de ‘tia’. Aí o Daniel disse ‘amor, então vamos achar um apelido que seja gostoso pra você ser chamada por ele’. Então ele cresceu falando da Naroka”.

Daniel, Marcelo e Nara - Arquivo pessoal/Reprodução/ND
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Daniel, Marcelo e Nara – Arquivo pessoal/Reprodução/ND

Marcelinho e o cachorro da família  - Arquivo pessoal/Reprodução/ND
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Marcelinho e o cachorro da família – Arquivo pessoal/Reprodução/ND

Marcelo já tem 8 anos e a convivência com Nara chama atenção pela cumplicidade e carinho. “E o mais engraçado é que o Marcelinho é muito parecido comigo. A própria mãe dele, a Fê, diz que ele me puxou por osmose”, brinca Nara.

Fernanda, Marcelo, Daniel e Nara - Arquivo pessoal/Reprodução/ND
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Fernanda, Marcelo, Daniel e Nara – Arquivo pessoal/Reprodução/ND

Marcelo e Nara em uma aula de box - Arquivo pessoal/Reprodução/ND
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Marcelo e Nara em uma aula de box – Arquivo pessoal/Reprodução/ND

Fernanda, Marcelo, Nara e Daniel em uma festa de aniversário para o enteado  - Arquivo pessoal/Reprodução/ND
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Fernanda, Marcelo, Nara e Daniel em uma festa de aniversário para o enteado – Arquivo pessoal/Reprodução/ND

Participando de cada nova conquista da vida do enteado, Nara conta que a família é muito unida. “Ele [Marcelo] mora com a mãe dele, com a Fernanda, mas está sempre com a gente. Temos uma tranquilidade e liberdade muito grande de educar e estar junto. E eu pude participar de muitas coisas marcantes da vida dele, um exemplo é andar de bicicleta. Eu me emocionei, pois fiz o passo a passo com ele. É uma coisa que nunca vamos esquecer”.

Mudança de vida

Nara também passou por uma mudança de estilo de vida após o diagnóstico de menopausa precoce. “Eu joguei Handball representando Blumenau com apenas 10 anos de idade. Ao todo foram quase 17 anos jogando, então quando cheguei na faculdade, tinha certeza que queria transformar a vida das pessoas através do movimento”, conta.

Nara mudou seu estilo de vida após descoberta da menopausa precoce – Foto: Arquivo pessoal/Reprodução/ND

Hoje, morando no Rio de Janeiro, ela é especialista em treinos para mulheres. “Eu sou muito feliz e completa. E peço que as mulheres não desistam delas mesmas. Menopausa não é condição pra ninguém se enterrar no sofá, desistir da vida e da autoestima. A menopausa é uma alavanca pra você buscar a sua melhor versão todos os dias. E foi isso que eu fiz. Eu tento mostrar todos os dias nos treinos os resultados que são possíveis ter. O meu objetivo é alcançar as mulheres que deixaram de se amar e cuidar, para voltarem a se sentirem bem”, conclui a blumenauense.

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