Governo de SC mantém para esta segunda chegada de menino desaparecido e encontrado em SP


Mesmo com avós pedindo a guarda, criança de 2 anos seguirá para abrigo na Grande Florianópolis. Mãe entregou o filho para casal, que foi preso há 1 semana. Criança de 2 anos que desapareceu em Florianópolis foi encontrada com casal em carro no Tatuapé, na Zona Leste de São Paulo
TV Globo/Reprodução
O governo de Santa Catarina informou que manteve para esta segunda-feira (15) a transferência do menino de 2 anos que desapareceu no fim de abril na Grande Florianópolis e foi encontrado há uma em São Paulo. A criança foi entregue pela própria mãe a um casal, preso na capital paulista suspeito de tráfico de pessoas.
O retorno do menino foi acertado entre a Justiça dos dois estados e a chegada está prevista para a tarde. A criança virá em uma aeronave do estado e acompanhada por uma equipe especializada com agentes de segurança e um psicólogo.
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A volta da criança será de forma sigilosa. Segundo o governo catarinense, a medida busca garantir a segurança e evitar qualquer tipo de exposição da criança.
O menino não voltará para a família e ficará em um abrigo na Grande Florianópolis até a definição sobre a guarda do menor, dos quais os avós a solicitaram. A Justiça, porém, decidiu que os interessados devem passar por uma avaliação psicossocial.
O QUE SE SABE sobre o caso do menino encontrado em SP
Mãe fala pela primeira vez
“Eu tive um surto e resolvi entregar a criança”, diz mãe do bebê levado de Santa Catarina para São Paulo
Uma semana após o encontro da criança, a mãe do menino, que entregou o filho ao casal, falou ao Fantástico, no domingo (14). Mãe solo, ela preferiu não ser identificada.
Ela diz que, durante a gravidez, em 2020, participou de um grupo numa rede social, de apoio a mães. E foi quando passou a trocar mensagens com Marcelo Valverde Valezi”, de São Paulo, preso com a criança.
“Ele contou a história dele, que ele é ‘tentante’ junto com a mulher dele, já tiveram diversos abortos”, relata a mãe. E as propostas, segundo ela, começaram: “Ele falava muito que se eu botasse uma criança no mundo para sofrer, aquilo ia me gerar carma, gerar carma na criança, então ele foi usando tudo o que ele podia”.
O bebê nasceu em abril de 2021. No mês passado, três anos depois dos primeiros contatos, ela e Marcelo voltaram a se falar com mais frequência. O Fantástico teve acesso a mensagens trocadas entre os dois.
De acordo com as investigações, Marcelo explicou que não queria mais ficar com o bebê, mas contou que conhecia uma mulher que tinha interesse, Roberta Porfírio, também presa com a criança. Marcelo então passou a combinar um encontro com Roberta, no dia 30 de abril.
Inicialmente, a entrega seria na praça de alimentação de um shopping em São José, mas Roberta teria se atrasado. O encontro então foi na rua.
Uma câmera de segurança registrou o momento em que um carro buscou mãe e filho. Segundo a mãe da criança, o carro parou no estacionamento de um supermercado e ela afirma que foi convencida a tomar a decisão de entregar a criança.
“Eu teria que tomar uma decisão ali mesmo, né? Por pressão e pela manipulação, que eu já estava ali naquele local, dentro do carro deles, eu acabei cedendo e fazendo isso, né? Eu tive um surto e resolvi entregar a criança ele, mas sem pensar que poderia ser uma quadrilha de tráfico ou algo do tipo”, revela a mãe.
Investigação
A Polícia Civil de Santa Catarina afirmou, na noite de terça-feira (9), que investiga o envolvimento de outras duas pessoas no desaparecimento do menino. Segundo o delegado-geral do órgão, Ulisses Gabriel, elas “provavelmente ficariam com a criança”.
Já a delegada Sandra Mara, da Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso (DPCami), que também investiga o caso, afirmou que a mãe do menino foi convencida a doá-lo.
Além de outros envolvidos, a polícia também quer tentar descobrir se houve algum tipo de troca financeira na doação. “A mãe nega ter recebido vantagem, mas nós só teremos essa certeza com a quebra do sigilo bancário de todos os envolvidos”, afirmou a delegada.
Apesar da polícia suspeitar da entrega voluntária, o Código Penal descreve como crime o ato de registrar o filho de outra pessoa como próprio.
O que diz a defesa de Marcelo?
Em coletiva de imprensa na terça (9), a defesa de Marcelo afirmou que ele conheceu a mãe do menino há dois anos, quando tinha o interesse em adotar uma criança, mas não soube dizer se seria um grupo em algum aplicativo de mensagens ou em redes sociais.
Segundo as advogadas Laryssa Nartis e Katharine Grimza, na época, Marcelo foi procurado pela mãe da criança, que tinha o interesse em “doar” o filho. No entanto, recentemente, ela teria entrado em contato novamente com ele e alegou que estava passando por problemas.
Marcelo teria indicado Roberta e o marido à mãe do bebê, e o casal passou a tratar sobre a adoção.
O que diz a defesa de Roberta?
Fernanda Salvador, advogada da investigada, nega que tenha havido o crime de tráfico de pessoas e que o bebê estivesse desaparecido, já que a mãe teria entregue a criança a Roberta junto com os documentos, em Santa Catarina. Marcelo não teria viajado até o outro estado, mas intermediado a conversa entre as duas partes.
Segundo a advogada, a mãe teria dito que estava em “cenário de vulnerabilidade, em ambiente tóxico”, quando conversou com o casal de São Paulo.
A retirada do garoto de Santa Catarina foi feita por Roberta e com o carro pessoal. As placas do veículo teriam sido adulteradas na saída do estado, segundo a polícia. A defesa dela, no entanto, afirmou desconhecer a informação.
No fim de semana, Roberta e o marido decidiram procurar a advogada, que disse ter orientado os dois a procurar o Fórum do Tatuapé e entregar o menino. O caso já estava repercutindo em todo o país.
Marcelo acompanhou Roberta até o fórum. Os dois estavam com o bebê dentro de um carro, na Zona Leste da capital, na segunda (8), quando foram abordados pela PM e detidos em flagrante por suspeita de tráfico de pessoas.
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