Mesmo com mananciais, poços ainda são antídoto contra seca

Casan tem cerca de 434 poços ativos em SC – Foto: Casan/Divulgação

A estiagem registrada nos últimos anos em Santa Catarina, aliada à crescente busca por água potável e à necessidade de encontrar alternativas sustentáveis para o abastecimento fazem com que a escavação de poços seja uma das soluções mais viáveis, eficientes e inteligentes na captação de água de qualidade.

De acordo com a Casan (Companhia Catarinense de Águas e Saneamento), apesar da quantidade de rios e barragens existentes no Estado, os poços tiveram papel essencial no abastecimento de água do Estado nos últimos anos e terão ainda mais importância no futuro, pois esta demanda tende a aumentar, considerando as mudanças climáticas, expansão urbana, poluição de mananciais superficiais, entre outros fatores.

Hoje, a empresa tem cerca de 434 poços ativos em SC. Destes, 350 estavam em operação até o final de 2018 e mais de 130 poços foram perfurados entre 2019 a 2022, dos quais 84 foram produtivos e próprios para o consumo. Todos os anos, a Casan realiza mais de 270 serviços de manutenção nestas estruturas.

Para essas captações, sempre que necessário, a companhia utiliza mananciais subterrâneos, dentre os quais os aquíferos, que são formações geológicas capazes de armazenar e transmitir quantidades significativas d’água no meio subterrâneo.

Segundo Laudelino Bastos, diretor-presidente da Casan, os poços possibilitam a captação mais eficiente e segura de água quando comparada aos mananciais superficiais. “Os poços também estão menos suscetíveis às variações climáticas e favorecem a regularidade nos serviços de abastecimento. Muitas vezes, são também a única alternativa viável para comunidades mais isoladas. Esta é mais  uma das soluções encontradas pela Casan para ampliar o abastecimento de água em todo o Estado, que além de mais sustentável, também possibilita economia para os cofres públicos, já que tem custos reduzidos de captação, tratamento e operação em comparação aos mananciais superficiais”, destaca.

Poços possibilitaram o desenvolvimento das civilizações

Todos os anos, a Casan realiza mais de 270 serviços de manutenção nestas estruturas - Casan/Divulgação
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Todos os anos, a Casan realiza mais de 270 serviços de manutenção nestas estruturas – Casan/Divulgação

Todos os anos, a Casan realiza mais de 270 serviços de manutenção nestas estruturas - Casan/Divulgação
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Todos os anos, a Casan realiza mais de 270 serviços de manutenção nestas estruturas – Casan/Divulgação

Os poços são utilizados desde a antiguidade e foram ferramentas cruciais para a sobrevivência e desenvolvimento de diversas civilizações ao longo da história mundial. Os primeiros registros do aproveitamento da água subterrânea são incertos e datam de cerca de 2000 a.C., relatando construções de poços e túneis, ou seja, sistemas que tinham uma interconexão entre poços através de túneis, conhecidos como “qanats” ou “kanats”. Estes sistemas de captação foram construídos inicialmente na Pérsia, onde atualmente é o Iran, e se estenderam por todas as regiões vizinhas da Península Arábica, até a Europa. Há indícios de terem influência também na região da América do Sul e Central, como no México e Peru.

Com os avanços científicos e tecnológicos, foram desenvolvidas técnicas e métodos de construção e bombeamento modernos. Em muitas situações, o único modo eficiente para captação de água de uma formação aquífera é por meio de poços tubulares. Estes poços são classificados por causa de seu revestimento e são conhecidos popularmente como “poço artesiano” ou “poço profundo”.

Análises periódicas da água captada

Pedro Joel Horstmann, diretor de Operações e Expansão da Casan, alerta que a construção e a operação de poços tubulares profundos exigem cuidados e manutenção adequados para garantir a qualidade da água e a eficiência do sistema. A realização de análises periódicas da qualidade da água e a manutenção preventiva do sistema são fundamentais para garantir a operação segura e eficiente dos poços.

Conforme Horstmann, para a perfuração e uso dos poços, são avaliadas a demanda e população a ser atendida.  “É realizado também um trabalho de exploração e estudos, geralmente desempenhado por geólogos da nossa companhia, a fim de determinar o potencial aquífero de uma região e selecionar os locais mais indicados para realizar as perfurações”, explica o diretor.

Desta forma, após constatada a viabilidade técnica e operacional, os geólogos elaboram um projeto básico de acordo com o tipo de aquíferos e profundidades a serem atingidas. A Casan submete ainda o pedido de autorização ao órgão ambiental competente que faz a gestão de recursos hídricos.

Os poços são projetados e construídos seguindo as recomendações da norma NBR 12244/2006, com adequações conforme geologia e características locais que atendem a legislação vigente hoje no país.

Após autorização prévia, de acordo com a companhia, é contratada a perfuração, teste de vazão e análise de qualidade junto a empresas de perfuração de poços e hidrogeologia.

Controle de qualidade

DIPOA - Divisão de Políticas Operacionais de Água - Casan/Divulgação
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DIPOA – Divisão de Políticas Operacionais de Água – Casan/Divulgação

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Os resultados das perfurações dos poços são variáveis, explica a Casan, e um poço pode ser considerado produtivo ou improdutivo. Poços produtivos podem ainda apresentar qualidade imprópria por já estarem contaminados ou pelo fato da água subterrânea naturalmente apresentar características impróprias para consumo naquele local (como salinidade elevada, presença de flúor, óleo natural, ou outros elementos)

Já se um poço é classificado como produtivo e próprio para consumo, as equipes da companhia realizam a instalação eletromecânica e interligam o poço ao seu sistema de abastecimento. Dependendo da qualidade da água obtida, podem ser necessárias desde pequenas correções, como cloração e fluoretação ou tratamentos simplificados, ou ainda o líquido ser direcionado para uma estação de tratamento de água, passando pelo processo completo junto a águas brutas superficiais.

De acordo com Pedro Joel Horstmann, o controle de qualidade de água bruta nos poços da Casan é realizado semanalmente nos locais onde o tratamento é simplificado (ex. cloração, fluoretação e distribuição) e mensalmente nos poços que enviam água para uma ETA (Estação de Tratamento de Água). A companhia tem ainda uma equipe própria de manutenção de poços, que executa a instalação e troca de bombas, limpeza, manutenções, diagnósticos, entre outras atividades.

Ponteiras oferecem riscos de contaminação

Por questões históricas e culturais se tem a ideia de que água de poços é sempre boa e própria para o consumo. Entretanto, a Casan alerta que este é um pensamento incorreto e aponta para uma série de fatores naturais que podem tornar essa água imprópria para consumo. Nas regiões litorâneas, por exemplo, onde os aquíferos são porosos, rasos e livres, torna- se cada vez mais comum o uso de ponteiras individualizadas construídas de modo rudimentar para captação na porção mais superior dos aquíferos.

No entanto, alertam os especialistas da companhia, por serem captações rasas, na areia, estas estruturas estão mais susceptíveis a contaminações superficiais, sobretudo relacionadas à expansão urbana, proximidade de fossas, lançamentos irregulares de esgotos e rejeitos. Outro tipo de captação rudimentar são os poços caipiras ou cacimbas, que são construídos manualmente, geralmente em diâmetro maior, fornecendo acesso direto ao lençol freático. Estas captações são susceptíveis a alterações bruscas na qualidade e que podem muitas vezes passar despercebidas.

Para evitar esses problemas, a maioria dos poços da Casan utiliza aquíferos mais profundos. Poços de captações rasos são escavados apenas em áreas onde a companhia tem maior controle sobre a água captada. Nos dois casos, as equipes técnicas realizam o controle e manutenções periódicas com o objetivo de garantir a segurança deste recurso.

Confira as vantagens proporcionadas pelos poços

  • A captação de água é mais eficiente e segura quando comparada aos mananciais superficiais;
  • A água dos poços tende a apresentar melhor qualidade;
  • São menos suscetíveis às variações climáticas e favorecem a regularidade nos serviços de abastecimento;
  •  São menos vulneráveis a fontes superficiais de contaminação;
  • Têm custos reduzidos de captação, tratamento e operação em comparação aos mananciais superficiais;
  • Para comunidades mais isoladas, muitas vezes é a única alternativa viável.

Poços perfurados entre 2019 e 2022 em SC

2019     2020   2021   2022       TOTAL

21          29         31         40            121

Fonte: Dipoa (Divisão de Políticas Operacionais de Água) da Casan

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