SC sob ameaça? Quais os impactos do calor intenso e ‘seca’ na Amazônia previstos pela OMM

Em um novo levantamento publicado nesta quinta-feira (18), a OMM (Organização Meteorológica Mundial) alerta que o planeta atravessará um período de calor intenso, com temperaturas altas inéditas nos próximos cinco anos e com profundo impacto em diversas regiões do mundo. O meteorologista Piter Scheuer explica se essas mudanças climáticas poderiam afetar Santa Catarina.

A previsão é que as temperaturas médias globais continuem aumentando, afastando-nos cada vez mais do clima com o qual estamos acostumados – Foto: Pexels/Reprodução/ND

De acordo com o relatório, espera-se um impacto significativo na região amazônica, com previsão de queda no regime de chuvas, o que poderá afetar a agricultura brasileira. Essa redução nas precipitações é resultado da combinação da concentração elevada de gases de efeito estufa, responsáveis pelo aumento do calor retido na atmosfera, e do retorno do fenômeno El Niño com intensidade.

Impactos em Santa Catarina

O meteorologista Piter Scheuer compartilha seu ponto de vista em relação às mudanças climáticas mencionadas no relatório e tranquiliza quem se pergunta como isso pode afetar Santa Catarina.

Scheuer destaca a complexidade do tema, salientando que existem diversas opiniões e perspectivas contraditórias a respeito: “O mundo está em constante equilíbrio e desequilíbrio, quando a gente tem um desequilíbrio você tem um excesso de chuva numa determinada área do planeta e uma determinada seca numa determinada área do planeta”.

O especialista continua: “Mesma situação para temperatura, mesma situação para umidade e pressão. Enquanto numa região você tem uma alta pressão, em uma outra região você tem uma baixa pressão, enquanto numa região você tem neve, numa outra região você tem ondas de calor”.

Embora reconheça a existência do aquecimento global, Piter ressalta que também ocorrem períodos de resfriamento global. “Eu não acredito muito nessa questão assim que daqui dez anos, em dois mil e vinte e sete, sei lá, vai aumentar dois, três graus e vai diminuir e vai ter mais ondas de calor. Eu não acho que é por aí”, explica.

Diante disso, o meteorologista catarinense não compartilha da visão de que haverá um aumento drástico de temperatura nos próximos anos, como mencionado no relatório. Ele acredita que as variações climáticas ocorrem de forma cíclica, incluindo períodos de calor e frio, de acordo com as oscilações do sistema climático, como o El Niño e o La Niña.

“Nesses últimos 3 anos tivemos La Ninã, agora vamos ter o El Ninõ que vai trazer mais calor mas depois volta novamente o La Ninã”, afirma o meteorologista.

Calor intenso

A OMM ressalta que os últimos oito anos foram os mais quentes já registrados e as projeções indicam que a média anual da temperatura global próxima à superfície entre 2023 e 2027 tem 66% de probabilidade de ser superior a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais por pelo menos um ano. Além disso, há uma probabilidade de 98% de que pelo menos um dos próximos cinco anos seja o mais quente já registrado.

Diante do relatório, o secretário-geral da ONU, Antônio Guterres, deixou claro no final do ano passado que “o mundo está em uma encruzilhada e nosso planeta está na mira”.

“Estamos nos aproximando do ponto de não retorno, de ultrapassar o limite acordado internacionalmente de 1,5 grau Celsius de aquecimento global”.

o Acordo de Paris estabelece metas a longo prazo para orientar todas as nações a reduzir substancialmente as emissões globais de gases de efeito estufa, com a intenção de limitar o aumento da temperatura global neste século a 2 °C e ao mesmo tempo buscar esforços para limitar o aumento ainda mais a 1,5 °C, para reduzir impactos adversos e danos relacionados.

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