‘Todos no mesmo barco’: Lula quer uso racional da Amazônia e cobra recursos dos países ricos

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), fez uma avaliação da participação do Brasil na Cúpula do G7, realizada em Hiroshima, no  Japão. No evento, Lula defendeu a exploração adequada dos recursos naturais da Amazônia e fez cobranças duras aos países que se comprometeram a ajudar na causa ambiental.

Lula se reuniu com os líderes do G7 – Foto: Ricardo Stuckert/Flickr/Divulgação/ND

Na coletiva de imprensa, o presidente Lula reafirmou o compromisso do Brasil com a preservação ambiental.

“O Brasil vai assumir seu compromisso de desmatamento zero na Amazônia até 2030 e está fazendo uma transição energética muito profunda”, afirmou.

Segundo Lula, o desenvolvimento da Amazônia passa pela necessidade de inclusão social e econômica das pessoas que vivem na região. “O que nós queremos é entender que na Amazônia vivem 20 milhões de pessoas, e essas pessoas têm o direito de viver, de trabalhar e de comer, de ter acesso aos bens materiais que todos queremos ter”, ponderou.

O presidente Lula identifica na riqueza da biodiversidade da Amazônia a possibilidade, por exemplo, de desenvolvimento de indústrias de cosméticos e fármacos para a geração de empregos limpos. “A floresta amazônica não é de ninguém. Ela é do povo, é do planeta, embora seja território soberano do nosso país”, declarou.

Presidente Lula defendeu no G7 a exploração da Amazônia sem desmatamento – Foto: Ibama/Fotos Públicas/Divulgação/ND

Cobrança aos países ricos

Para o presidente, os países mais ricos do mundo precisam honrar os compromissos feitos nas COPs (Conferências do Clima). Segundo ele, nem o Protocolo de Kyoto e nem o Acordo de Paris são respeitados, e cobrou o cumprimento dos acordos assumidos pelas nações mais desenvolvidas.

“Em todas as COPs, as pessoas falam que vão doar 100 bilhões de dólares ao ano para que os países em desenvolvimento possam preservar a natureza. Nós estamos aguardando”.

A iniciativa da Alemanha e da Noruega em formar o Fundo Amazônia, além das recentes contribuições do Reino Unido e dos Estados Unidos, foram reconhecidas pelo presidente Lula. No entanto, segundo ele, ainda não é o suficiente.

Também falou sobre a efetividade de medidas de âmbito mundial, tais como conferências e convenções, que devem passar por uma maior representatividade dos países mais pobres nas tomadas de decisões globais.

“De qualquer forma, o Brasil vai fazer por conta própria aquilo que o Brasil tem que fazer. Preservar a Amazônia é dever e responsabilidade do povo brasileiro”, disse.

Cúpula da Amazônia

Como parte do esforço de aproximar os países da América do Sul das discussões sobre preservação, o presidente citou a Cúpula da Amazônia, a ser realizada em agosto, no Brasil, pela OTCA (Organização do Tratado de Cooperação Amazônica).

Segundo o presidente, a França também tem parte nessa discussão, em razão de sua soberania sobre a Guiana Francesa.

O presidente Lula também citou recentes contatos com a Indonésia e a RDC (República Democrática do Congo), ambos detentores de vastas áreas de floresta tropical na Ásia e na África, respectivamente.

“Para que a gente possa, enquanto mundo que ainda tem floresta, oferecer uma possibilidade de tratar seriamente a manutenção dessas florestas, desde que o mundo rico cumpra com os compromissos que têm firmado”, afirmou o presidente.

Lula cobra mudanças significativas

O presidente cobrou que os países ricos cumpram os compromissos assumidos em âmbito internacional, como a doação de US$ 100 bilhões por ano para que países em desenvolvimento preservem suas florestas.

“Em todas as COPs as pessoas falam que vão doar US$ 100 bilhões. Nós estamos aguardando”, disse.

Para o presidente Lula, é preciso uma nova governança global mais representativa, com punição para os países que não cumprirem os esforços nas questões climáticas.

“Ou todos nós entendemos que o barco é um só, que o planeta é redondo, ou entendemos que uma desgraça que vier vai pegar todo mundo de calça curta. Os cientistas estão nos prevenindo, então é importante termos clareza de que nós seremos os responsáveis por nos salvar ou nos matar”.

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