Considerado ‘ameaça global’, quais são os riscos do superfungo Candida Auris para Brasil e SC?

O superfungo Candida Auris, considerado uma “grave ameaça à saúde global” pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), já provocou três internações de pacientes até este domingo (29), segundo a Secretaria da Saúde de Pernambuco.

Superfungo Candida Auris é considerado uma “ameaça greva à saúde” – Foto: Pexels/Reprodução/ND

A origem da contaminação ainda não foi determinada e a hipótese, até o momento, é que tenha sido natural, considerando que os três pacientes estão em hospitais diferentes e não há relação entre eles, segundo o Estadão.

O terceiro surto da doença no país foi confirmado pela Anvisa, entre 2020 até o início deste ano. Dessa vez, o fungo foi identificado em amostras de urina de dois pacientes que estavam internados num hospital do Recife – um homem de 67 anos e uma mulher de 70 anos.

Além do Brasil, autoridades dos Estados Unidos também alertaram para a alta letalidade do patógeno por ser resistente a medicamentos antifúngicos comuns. Conforme estimativas, de 30% a 60% dos pacientes morrem pela doença.

Um artigo publicado em janeiro na revista científica Frontiers in Cellular and Infection Microbiology aponta para a subnotificação da doença. “Já tivemos casos no Recife anteriormente, mas até provarmos que a cepa não é a mesma, poderíamos (pensar em um novo surto)”, disse ao Estadão o pesquisador do Laboratório de Taxonomia, Bioquímica e Bioprospecção de Fungos do Instituto Oswaldo Cruz, Manoel Marques Evangelista de Oliveira.

A Secretaria da Saúde de Santa Catarina informou que não há amostras sendo analisadas com suspeitas por este fungo no momento no Lacen (Laboratório Central do Estado). Mesmo assim, a pasta informa que tem os equipamentos necessários para fazer essa análise.

A reportagem questionou se há riscos para o Estado ou se existe algum tipo de monitoramento do fungo, mas não teve resposta. O espaço está aberto.

Por que é um “superfungo”?

Os organismos do reino Candida causam infecções orais e vaginais bastante comuns nos seres humanos, as candidíases, que são combatidas com fungicidas vendidos em qualquer farmácia.

No caso da Candida auris, porém, as infecções têm se mostrado extremamente difíceis de curar. A espécie produz o que os cientistas chamam de biofilme, camada protetora que a torna resistente ao fluconazol, à anfotericina B e ao equinocandinao, três dos principais compostos antifúngicos.

A espécie é capaz também de infectar o sangue, levando a casos agressivos e muitas vezes letais. Além disso, acomete em geral pacientes graves, que permanecem por longos períodos em unidades intensivas de tratamento. Dos 18 casos identificados até agora no Brasil, dois resultaram em morte.

A Candida auris se demonstrou ainda ser extremamente difícil de controlar, sendo resistente também à maioria dos desinfetantes. “Quando ela chega num hospital, raramente é eliminada”, disse à Agência Brasil o infectologista Flávio Teles, coordenador do Comitê de Micologia da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia).

Não bastasse sua resistência, o patógeno é difícil de identificar, podendo ser confundindo, em laboratórios, com outras espécies de Candida. “Tem essa dificuldade para diagnosticar, porque há um desconhecimento sobre a nova espécie, então acaba podendo passar desapercebido”, frisou o médico infectologista Filipe Prohaska, um dos envolvidos na identificação do surto em Pernambuco.

No Brasil, dois laboratórios estão aptos a identificar a levedura por meio de procedimentos específicos: o Lemi (Laboratório Especial de Micologia da Escola Paulista de Medicina), vinculado à Unifespe (Universidade Federal de São Paulo); e o Lacen-BA (Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia).

*Com informações da Agência Brasil

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