‘Irritada é ainda pior’: aranha mortal e esquentadinha ajusta veneno conforme o seu humor

Cientistas descobriram que as potentes toxinas no veneno de uma das aranhas mais mortais do mundo, a Atrax robustus, parecem variar dependendo do seu humor.

A nova análise foi publicada no jornal americano Science Alert, mostra que a espécie produz seu veneno a partir de fatores como a frequência cardíaca e a defesa da aranha. As variações podem desempenhar um importante papel nas proporções de produtos químicos entregues nas pontas das presas do aracnídeo furioso.

Espécie de aranha muda intensidade do veneno com seu humor

Aranha muda intensidade do veneno conforme o seu humor – Foto: Reprodução/sciencealert/ND

Os venenos das aranhas Atrax robustus são misturas complexas com uma gama de aplicações potenciais, como pesticidas naturais e produtos farmacêuticos. Além disso, há um  antídoto usado para tratar as picadas mortais das aranhas a partir do seu veneno. Entender por que a espécie produz essas misturas pode ajudar na coleta e no uso mais eficientes do veneno e nos ajudar a descobrir a sua função.

“As Atrax robustus têm os venenos mais complexos do mundo natural e são valorizadas pela terapêutica e inseticidas naturais que estão potencialmente ocultos em suas moléculas de veneno”, explica a bióloga Linda Hernández Duran, da James Cook University, na Austrália.

“Saber mais sobre como eles são produzidos é um passo para liberar esse potencial”, defende.

As Atrax robustus australianas são famosas por serem as mais mortais (pelo menos para os humanos) do mundo, embora possa ser reconfortante saber que, embora 30 a 40 pessoas sejam mordidas a cada ano, apenas o macho de Sydney já matou pessoas. A boa notícia é que não houve mortes causadas pela bichana desde que um antivenenoso foi lançado em 1981.

No entanto, embora muito trabalho tenha sido feito para entender a complexidade molecular do veneno, os antigos estudos não consideraram o comportamento, o estado físico e o ambiente das aranhas.

Aranha passou por testes

Os pesquisadores coletaram quatro espécies da aranha a Border Ranges ( Hadronyche valida ), Darling Downs ( Hadronyche infensa ), Southern tree-dwelling ( Hadronyche cerberea ) e Sydney ( Atrax robustus ). Essas aranhas foram então submetidas a vários testes.

Os testes avaliaram que o comportamento de se amontoar, se defender e escalar, é geralmente ativo em três contextos diferentes. A primeira foi a predação, que os cientistas imitaram soprando ar ou cutucando as aranhas com pinças. A segunda tentativa era a partir de outra aranha da mesma espécie. E a terceira foi a exploração de um novo território.

Durante esses testes, os pesquisadores “mapearam o comportamento [das aranhas] e mediram sua frequência cardíaca com um monitor a laser para estabelecer um valor proxy para sua taxa metabólica. Em seguida, coletamos seu veneno e o analisamos com um espectrômetro de massa”, diz Hernández Duran.

Para três espécies, parecia não haver associação entre seu comportamento e frequência cardíaca e a composição de seu veneno. No entanto, os cientistas notaram uma diferença para uma aranha: uma frequência cardíaca mais alta e defesa na Atrax robustus de Border Ranges pareciam estar associados a uma composição variável de veneno.

Os cientistas concluíram que o fato de as outras três espécies não demonstrarem a mesma associação entre a composição do veneno e os fatores físicos sugere que essas associações podem ser específicas da espécie.

Os resultados, dizem os pesquisadores, podem ser úteis para a produção de antivenenoso e o estudo de componentes bioativos encontrados no veneno da aranha.

Confira imagens dos bastidores da pesquisa:

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