Projeto da UFSC Araranguá oferece fisioterapia gratuita a pacientes em hemodiálise e investiga perda de massa muscular

Projeto realizou 500 atendimentos em 2022 (Divulgação)

Um projeto de extensão e uma pesquisa do campus de Araranguá da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) estão contribuindo com a melhoria na qualidade de vida de pacientes em tratamento para doenças nos rins que precisam realizar hemodiálise. Oferecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde, a hemodiálise é um procedimento que filtra o sangue, suprindo deficiência no funcionamento dos rins.

As atividades do projeto Um remédio chamado exercício: ações fisioterapêuticas para pacientes que fazem hemodiálise começaram em 2016, com o objetivo de oferecer exercício supervisionado durante as sessões de hemodiálise que os pacientes precisam fazer, por três a quatro horas, de duas e três vezes na semana. Só em 2022, foram cerca de 500 atendimentos, sob coordenação da professora de Fisioterapia Daiana Bündchen.

De acordo com Daiana, os pacientes que precisam fazer hemodiálise são os que estão no último estágio da doença renal crônica – ou seja, os rins precisam do que se chama de terapia renal substitutiva. O fato de ficarem por horas sentados e também expostos a efeitos colaterais como a fadiga e câimbras gera deficiências proteicas e perda de massa e força muscular.

O principal objetivo é auxiliar na manutenção e ganho da força e resistência muscular destes pacientes e criar estratégias para que eles insiram um estilo de vida mais saudável no seu dia a dia. “Além da doença em si que afeta a condição física destes indivíduos, principalmente na perda de força muscular e de capacidade aeróbia, o próprio tratamento da hemodiálise impõe um comportamento sedentário pelo tempo em que os pacientes tem que ficar sentados ou deitados quando estão conectados às máquinas”, explica a professora.

No pós-doutorado, a professora investigou o que a ciência apresentava sobre a importância dos exercícios intradialíticos em fase terminal de doença renal. Essa revisão permitiu que descobrisse, por exemplo, que essas atividades físicas realizadas durante a hemodiálise aumentam a capacidade funcional e a força muscular nos quadríceps, além de melhorarem a qualidade de vida dos pacientes.

Exercícios aeróbios, como o uso de bicicletas, podem contribuir substancialmente, mas o projeto da UFSC recorre a equipamentos como caneleiras e faixas para auxiliar os pacientes durante o tratamento. “São exercícios resistidos com pesos livres, faixas elásticas e bolas duas vezes por semana. Os alunos de fisioterapia, sob minha supervisão, são quem prescrevem e orientam os exercícios enquanto os pacientes estão realizando a hemodiálise”, descreve Daiana.

O projeto ocorre na Clínica de Nefrologia de Araranguá, vinculada ao SUS. Os pacientes passam por avaliações antes e após as atividades, além de serem acompanhados pela equipe médica formada por médicos e enfermeiros durante a atividade.

Redução da força pode levar a quedas

Os efeitos do sedentarismo e da perda de força e massa muscular em pacientes com doenças renais que precisam da hemodiálise podem levar ao declínio funcional, além de potencializarem riscos

Tratamento de pacientes renais crônicos (Foto ilustrativa/Agência Brasil)

de quedas e, em casos mais graves, levarem à morte. Chamado de Sarcopenia, esse problema também é investigado em pesquisa da UFSC.

A professora Daiana coordena a participação da universidade na pesquisa SARC-HD, que investiga a associação de sarcopenia com desfechos clínicos em pacientes em hemodiálise.
O estudo busca investigar as trajetórias da sarcopenia em pacientes que passam pelo tratamento de hemodiálise. Esse estudo envolve centros de diálise de diferentes regiões do país. Em Araranguá, conta também com a coordenação da professora Christine Dalmolin. A coleta de dados também ocorre na Clínica de Nefrologia de Araranguá, por alunos de graduação em Fisioterapia e Medicina.

“Acabamos a primeira fase do estudo no centro Araranguá, em que fizemos avaliação física, antropométrica e aplicação de questionários. Com os dados, já poderemos saber qual o estágio de sarcopenia dos pacientes em hemodiálise em Araranguá”, explica. O projeto vai continuar também em 2024, já que a cada três meses, até março, a equipe entrará em contato com os pacientes para investigar casos de internação e de queda.

Os estudantes participam de todas as etapas de pesquisa. “Em março de 2024 nós faremos toda a coleta de dados novamente para acompanhar a evolução da sarcopenia destes pacientes.Com o resultado deste estudo, poderemos direcionar melhor nossas ações frente à perda de força e massa muscular destes pacientes, algo que é esperado nos pacientes com doença renal crônica que fazem hemodiálise”, finaliza a professora.

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