Socorro camuflado: mulheres de SC ‘pedem comida’ para denunciar violência doméstica

O ato de denunciar situações de violência doméstica exige muita coragem e costuma ser um momento delicado, ainda mais quando os agressores fazem questão de proferir ameaças caso alguma denúncia seja feita.

Nestes casos, as mulheres estão precisando buscar formas camufladas para denunciar, como o caso que aconteceu em Santo Antônio de Lisboa, no dia 9 de abril, onde uma mulher simulou pedir pizza para denunciar seu agressor que estava ao lado dela no momento da ligação.

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Essas mulheres corajosas estão encontrando formas variadas de denunciar os agressores — Foto: Anete Lusina/Divulgação/ND

A PMSC (Polícia Militar de Santa Catarina) relata que já aconteceram denúncias dessa natureza, no caso de Santo Antônio de Lisboa, o atendente do 190 “foi sagaz” ao entender que a vítima precisava de ajuda e logo enviou viaturas até o local dos fatos.

Violência contra as mulheres no Estado

Até o final de 2022, a cada quatro horas uma mulher foi vítima de violência doméstica, segundo a Agência Brasil.

Em Santa Catarina, cerca de 16.461 mulheres foram vítimas de lesão corporal e, de janeiro a março de 2023, foram totalizados 4.744 casos, também em 2022.

PMSC indica outras formas de pedir socorro

Por conta desse medo que algumas vítimas possuem do agressor, a PMSC conta que possui várias estratégias para a denúncia ser realizada de maneira segura.

1. Botão do pânico

Em 2019, a PMSC em parceria com o CIASC (Centro de Informática e Automação do Estado de Santa Catarina) desenvolveu o aplicativo: PMSC Cidadão.

Um dos intuitos deste programa é atender mulheres vítimas de violência doméstica. Em casos que a vítima possui medida protetiva com urgência, as mulheres possuem à sua disposição um botão do pânico. Este botão aciona a viatura mais próxima do local onde a vítima estiver no momento, de maneira rápida e efetiva.

Um dos homens foi preso após o uso do “Botão do Pânico” – Foto: PMSC/Divulgação/ND

Em Navegantes, Litoral Norte de Santa Catarina, uma mulher com medida protetiva de urgência acionou o botão do pânico e o homem foi preso. O caso aconteceu no dia 23 de março deste ano, e a PMSC conta que no mesmo dia ela teria sido atendida pelos policiais do 25º Batalhão de Polícia Militar.

Após acionar o botão, a Central de Emergências entrou em contato com a mulher e ela deu todas as características do veículo do agressor que estava rondando a casa da vítima, de imediato os policiais abordaram o homem e o levaram preso por descumprir a medida protetiva.

2. Sinal Vermelho

É uma campanha visando oferecer um canal silencioso às mulheres que, de sua residência, não conseguem denunciar a violência. Após encontrar um local seguro a molhar mostra o símbolo na mão, que pode ser um “X” escrito de caneta, preferencialmente, vermelha.

Esse “X” é um símbolo de alerta e sinal de denúncia de forma discreta e silenciosa, de situação de violência. Segundo a PMSC, quem perceber o sinal na mão de uma mulher, deve procurar a polícia e ajudar a identificar o eventual agressor.

Campanha Sinal Vermelho do Conselho Nacional de Justiça – Foto: Divulgação/CNJ/ND

O “sinal vermelho” foi utilizado pela primeira vez no Estado em 2020. O caso aconteceu na cidade de Ituporanga, no Alto Vale, segundo informações da PMSC, os policiais foram chamados para atender um possível caso de violência doméstica.

Os policiais contam que após baterem na porta, um homem sem camisa atendeu e nos fundos havia uma mulher com o rosto ensaguentado e “vestes desalinhadas”, mostrando o sinal vermelho.

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