CMEI de Navegantes inclui implementos de madeira nas vivências da Educação Infantil

Com metodologias novas e o entendimento de que educação é muito mais que os desenhos feitos em sulfite, as turmas do CMEI (Centro Municipal de Educação Infantil CMEI) Professora Maria da Silva Santos, desde fevereiro, incluíram novos parceiros nas atividades: os implementos, itens de madeira que facilitam as trocas e possibilitam novas brincadeiras.

Professora e criança aproveitam para trocar experiências por meio dos implementos

Professora e criança aproveitam para trocar experiências por meio dos implementos em CMEI de Navegantes – Foto: Matheus Nunes

Ainda que o projeto tenha começado neste ano, o desejo de incluir os objetos na Rede Municipal acompanha a coordenadora pedagógica da educação infantil, Ismênia Pinheiro, desde 2019.

Com pesquisas, visitas às fábricas e idas até Blumenau para conferir os implementos em outra cidade, a primeira tentativa em Navegantes aconteceu neste ano, colocando diante dos holofotes os menores e as necessidades apresentadas em cada idade.

“Leva em conta totalmente o protagonismo da criança. Além de facilitar a aprendizagem, ela aborda que cada criança aprende no seu tempo”, conta a profissional.

Em espaços que são pensados e modificados por eles, acompanhando o desejo de conhecer um novo item ou formas de usar objetos comuns, como uma simples almofada, é durante o processo que existem os maiores ganhos. “O brincar livre é o momento mais rico que tem nessa troca. É quando elas observam, acolhem, conhecem realmente a criança”, relata Ismênia.

É fato que a participação das professoras também é significativa. Entretanto, aqui elas assumem a mediação, sendo coadjuvantes, pois são elas, as crianças, que estão no centro.

Para instigar a curiosidade, uma das tarefas das educadoras é mudar a sala referência. “Todos os dias elas deixam a sala arrumada, mudam para, no outro dia, quando a criança chegar, ter novidades dentro da sala. Elas fazem todo dia um dia diferente”, explica a diretora, Adriana Adelaide Borba de Souza.

E por meio do entrar e sair em cada túnel, do balançar na gangorra e na troca das plaquinhas de madeira que as turmas vão aprendendo a conviver, dividindo itens e criando uma nova história a cada interação, como se os objetos fossem o passaporte para uma nova aventura.

Afinal, o aprendizado é um processo cíclico, que está em constante mudança. Mais do que preparar as massinhas e o lápis de cor, o que faz a diferença na memorização é a maneira como cada ensinamento é passado — desde os movimentos até a ocupação do espaço.

A brincadeira com os implementos no CMEI de Navegantes

Nem precisa ser criança para entender que aprender brincando é melhor, não é mesmo? Com diversão fica fácil memorizar e entender o mundo ao redor, incluindo a comunicação com os colegas e a divisão de brinquedos. Mas é fato que a mudança não foi apenas para os pequenos.

As professoras também vivenciaram o desafio de repensar a Educação Infantil, colocando como agente principal o outro. Agora a preparação da próxima vivência também depende deles.

Mas as descobertas em conjunto são um dos ganhos dessa iniciativa, cena que a professora Renata Dioni Neves parece conhecer bem. “Primeiro eles ficaram surpresos com a sala, tem aquela surpresa, o que aconteceu com a sala, mas daí um sempre vai. Quando esse vai, o aventureiro, já chama o outro, que vê que aquilo era bom”, opina a professora. “Às vezes a gente ensina uma coisa, quando você vai ver eles estão em outra coisa, porque eles estão além do que podemos imaginar.”

Na sala da professora Elisângela de Oliveira, os relatos também mostram como a nova abordagem é capaz de encantar, como se os menores fossem convidados a reagir pelos instintos. Neste caso, a situação foi durante uma reunião com os pais.

“Tinham duas crianças junto com a mãe, ela soltou e as crianças foram para os implementos. Aí eu falei: ‘estão vendo, pais? Eles são dessa sala, usam esse implemento, olha como eles brincam’”, diz a profissional.

Mais do que a tão esperada diversão, é neste espaço que eles aprendem sobre liberdade, liderança, autonomia e respeito.

“Essa primeira infância precisa ser bem cuidada e bem alimentada, porque eu sempre falo assim: se você construir um apartamento ou prédio, por mais lindo que seja, se ele não tiver uma base sólida, ele desmorona em algum momento”, comenta Ismênia. As professoras Fernanda Galvez Nocetti Couto, Maria Juliana da Silva e Joice Prieto Rodrigues também fazem parte da nova abordagem.

Entre as inspirações para projetar os ambientes e organizar os itens que são ofertados, a metodologia Emmi Pikler foi estudada pela equipe pedagógica do Centro Municipal de Educação.

A teoria apresenta os benefícios e motivos para colocar os pequenos no centro das atenções, indicando aquilo que pode ser aprendido e qual é a importância do brincar e do protagonismo, palavras que fazem a diferença, mesmo que nos primeiros anos de vida.

Com implementos de madeira, professora e criança aproveitam para aprender com as formas

Com implementos de madeira, professora e criança aproveitam para aprender com as formas – Foto: Matheus Nunes

Aprendendo em uma piazza

Além das brincadeiras que contam com os implementos e o que mais professoras e crianças podem imaginar, como músicas e danças, existe outro espaço muito desejado pelas turmas: a piazza, praça que fica entre as salas referência.

Pensado com instrumentos que podem ser aproveitados em conjunto, é aqui que a educação acontece, com ensinamentos que são compartilhados, independentemente da idade.

Com implementos, mesas e até uma cabana, cada criança recebe o incentivo para criar o próprio cenário. Além da imaginação, também são trabalhadas outras habilidades, como a coordenação motora e a convivência, mesmo que de forma indireta.

É por meio de cada interação e troca que os pequenos vão trilhando o próprio aprendizado, colecionando memórias que farão a diferença no futuro, seja para compreender componentes curriculares ou para reconhecer com suas individualidades e características.

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