Após caso no Peru, governo brasileiro prepara campanha de vacinação contra poliomielite

O governo brasileiro prevê para o segundo semestre de 2023 uma campanha nacional de multivacinação contra a poliomielite. Segundo o Ministério da Saúde, a ação é uma tentativa de recuperar coberturas vacinais em todo o país, sobretudo entre crianças.

O anúncio feito pelo Ministério diz que as datas de vacinação ainda não estão fechadas, mas que são discutidas com estados e municípios. No entanto, no Acre e no Amazonas a campanha foi antecipada, após um caso recente de poliomielite na fronteira com o Peru.

Vacina contra a poliomielite fará parte de campanha nacional – Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil/ND

E em Santa Catarina?

De acordo com a SES/SC (Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina), no Estado a vacina está disponível em todos os postos de saúde. Segundo a pasta, a campanha do Ministério é para recuperar os não vacinados, mas que não há ação específica prevista neste momento em Santa Catarina, visto que a vacina já está disponível.

Até março deste ano a cobertura vacinal contra poliomielite em Santa Catarina era de 87%. Os dados são preliminares, e começaram a ser contados em janeiro. Já no ano passado a porcentagem atingida foi de 86,75%. A meta estabelecida pelo Ministério da Saúde é de 90%.

Conforme o Calendário Nacional de Vacinação, o esquema vacinal preconizado é composto por três doses de VIP (acina inativada poliomielite), administradas aos 2, 4 e 6 meses de idade, mais dois reforços com VOP (vacina oral poliomielite), aos 15 meses e aos 4 anos de idade.

Campanha nacional

De acordo com a Agência Brasil, o diretor do Departamento de Imunizações e Doenças Imunopreveníveis do Ministério da Saúde, Éder Gatti, analisou nesta quarta-feira (26), em Brasília, o PNI (Plano Nacional de Imunização). Ao falar sobre o assunto, Gatti lembrou as lições deixadas pela vacinação contra a covid-19 e a importância dos imunizantes.

“Consolidamos nosso programa ao longo dos anos 80 e 90 e eliminamos doenças como poliomielite, sarampo, difteria e coqueluche. Fizemos várias doenças, que atacavam principalmente crianças, diminuindo a incidência de forma significativa”, disse.

Por fim, Éder Gatti disse que “a multivacinação vai ter que trabalhar numa lógica de ampliar o acesso, ou seja, a gente vai precisar diversificar as estratégias de vacinação. Aplicaremos nos estados e municípios a lógica do microplanejamento, algo idealizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), e precisaremos diversificar as estratégias, fazer com que a vacina vá até a população e não apenas esperar que a população vá até a vacina. Para isso, precisaremos fazer vacinação nas escolas, vacinação extramuro [alcançar usuários que, muitas vezes, não têm disponibilidade de se dirigir a uma unidade de saúde].”

O que é a poliomielite?

A poliomielite é uma doença altamente contagiosa causada pelo poliovírus selvagem. De acordo com a Organização PanAmericana de Saúde, a grande maioria das infecções não produz sintomas, mas de 5 a 10 em cada 100 pessoas infectadas com esse vírus podem apresentar sintomas semelhantes aos da gripe. Em 1 a 200 casos, o vírus destrói partes do sistema nervoso, causando paralisia permanente nas pernas ou braços. Embora muito raro, o vírus pode atacar as partes do cérebro que ajudam a respirar, o que pode levar à morte.

O vírus é transmitido de pessoa a pessoa por via fecal-oral ou, menos frequentemente, por um meio comum (água ou alimentos contaminados, por exemplo) e se multiplica no intestino.

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