Acafe: universidades comunitárias são a força motriz do desenvolvimento regional em SC

A atuação das universidades comunitárias e da Acafe está além das salas de aula, incluindo ações e programas de impacto no desenvolvimento regional, como a parceria entre o Curso de Oceanografia da Univali e o Porto de Itajaí – Foto: Fernanda Maria Vieira/Univali/Divulgação

Imaginar o que seria do estado de Santa Catarina sem as universidades comunitárias é uma tarefa considerada até impensável para lideranças políticas, comunitárias e educacionais que vivem o dia a dia transformador dessas instituições em suas comunidades. O caso do Sistema Acafe é emblemático: a relação comunitária e o compromisso com o desenvolvimento regional estão no cerne do movimento que criou essas universidades há mais de 50 anos.

A frase “do povo para o povo”, recitada como mantra por reitores e docentes, ganha todo sentido na prática diária destas instituições na vida do Estado. São mais de 700 mil profissionais formados nesse período, cerca de mil cursos ofertados (da graduação ao mestrado e doutorado) e presença ativa em mais de 50 cidades com cobertura total do território catarinense.

As 14 universidades comunitárias que compõem o Sistema Acafe desempenham um papel fundamental no desenvolvimento regional, atuando como uma importante fonte de conhecimento, inovação e desenvolvimento econômico e social.

Há mais de 50 anos, a Unifeb atua na produção do conhecimento, pesquisa e na extensão tendo o ensino de excelência como ferramenta de transformação econômica e social nas mais diversas áreas, como a Medicina – Foto: Unifeb/Divulgação

“Elas representam a riqueza intelectual do Estado, sendo responsáveis por esse ecossistema educacional de excelência que hoje é referência nacional. As (universidades) comunitárias cresceram olhando para a sua sociedade e entendendo as demandas locais. Cada qual se desenvolve de maneira específica em cada região, com características, programas, projetos e cursos diferentes ”, avalia a presidente da Acafe, Luciane Bisognin Ceretta.

Acafe: responsabilidade de promover o desenvolvimento pela educação

Seja por uma ação ambiental, um serviço em saúde, atividades esportivas ou culturais, para  além da formação de qualidade, as universidades comunitárias são parte indissociáveis do cotidiano das pessoas. “O papel das comunitárias no desenvolvimento das regiões está também no cerne do crescimento do Estado de Santa Catarina, visto que cada instituição que compõe a Acafe está localizada em uma região geográfica estratégica e tem esse olhar atento para a comunidade. Nós temos a responsabilidade de estar alinhados com a população para promover o desenvolvimento regional pela educação”, avalia a reitora da Unifeb (Centro Universitário de Brusque), Rosimeri Glatz.

Rosimeri Glatz, Reitora da Unifeb – Foto: Unifeb/Divulgação

Em seu segundo mandato como reitora, Rosimeri lidera uma instituição presente há 50 anos em Brusque e com alcance em uma microrregião de mais de 300 mil habitantes e com forte vocação nos setores metalomecânico, têxtil, moda e educação. Alinhada às demandas da comunidade, a Unifeb criou o núcleo de apoio contábil e fiscal, onde a população recebe assessoramento gratuito sobre como proceder e qual a documentação necessária para declarar o imposto de renda.

Este é um exemplo das dezenas de ações desenvolvidas pela universidade, mas o suficiente para colocá-la entre as 20 instituições do país que mais prestam assistência gratuita à população nas áreas fiscal e contábil.

“Somos muito fortes na educação. O curso de Pedagogia da Unifeb é considerado o melhor do país. Fazer a formação de professores pelas licenciaturas é uma missão que encaramos como uma responsabilidade nossa. Da mesma forma também nas áreas da saúde, da moda, contabilidade, gestão, metalomecânica”, completa a reitora.

 De Itajaí para o mundo

As universidades comunitárias que fazem parte do Sistema Acafe têm um papel importante na promoção da inovação, através de pesquisas, desenvolvimento de tecnologias e parcerias com governos, população e com empresas locais.

São iniciativas que impulsionam o desenvolvimento econômico e a criação de novos empregos na região. Por exemplo: todas as 14 instituições da Acafe estão estruturadas com núcleos de ciência, tecnologia e inovação e incubadoras de novos negócios com o foco no empreendedorismo nas atividades educacionais e em outras áreas. Hoje são cerca de 500 empreendimentos “incubados”.

Essas instituições podem estabelecer parcerias com organizações da sociedade civil, empresas e governos locais para desenvolver projetos em conjunto, como programas de capacitação, pesquisas em áreas específicas, iniciativas de sustentabilidade, entre outros. Fundada há 59 anos, a Univali (Universidade do Vale do Itajaí), em Itajaí, está umbilicalmente associada ao desenvolvimento da Foz do Rio Itajaí, região considerada pólo nacional nas atividades portuária, pesqueira e turística.

Do campus da Univali já saíram mais de 110 mil profissionais formados, entre graduados, pós-graduados, mestres e doutores e que hoje atuam e contribuem nas mais variadas áreas do conhecimento, pesquisa e na iniciativa privada. Muitos, ressalta o reitor Valdir Cechinel Filho, com atuações destacadas “na região, no Brasil e em outros países”.

Valdir Cechinel Filho, Reitor da Univali – Foto: Univali/Divulgação

Há 27 anos na universidade, Cechinel testemunhou a evolução significativa da parceria entre a instituição e a comunidade.  “Hoje contamos com cursos de 12 mestrados, seis doutorados, cerca de 50 especializações e quase 100 cursos de graduação oferecidos à comunidade. É uma gama de possibilidades muito significativas de formação profissional para os mais diversos segmentos da cidade e da região”, avalia Cechinel.

Ofertar cursos e serviços em sintonia com as vocações e necessidades regionais

O diferencial, sustenta o reitor, é que toda estrutura de cursos, serviços e pesquisa foi construída a partir da forte interação com a região, assistindo às suas principais vocações sociais, econômicas e suas necessidades mais preeminentes. “Itajaí e região têm nas atividades pesqueira, portuária e turísticas as suas principais vocações. Isso impacta e promove outras áreas, como a logística e a ambiental, por exemplo. Mas com as oportunidades também vêm os desafios e o nosso trabalho está em contribuir para encontrar soluções e caminhos para o desenvolvimento local”, aponta o reitor.

Ele cita como exemplo dessa sinergia da Univali com as vocações regionais, o curso de Oceanografia, considerado um dos pioneiros do país e que presta uma série de serviços e assessoramento nas atividades portuárias, pesqueira, ambiental e petrolífera.

Desde 2015, o curso de Oceanografia atua no arrojado PMP (Projeto de Monitoramento de Praia da Bacia de Santos), que abrange uma extensão de 1,5 mil quilômetro de Santa Catarina ao Estado do Rio de Janeiro.

Cabe a Univali a coordenação do projeto na região Sul, que consiste em acompanhar, registrar e atender a vida marinha. A realização do PMP é condição para exploração do petróleo no Pré-Sal, mas também uma possibilidade de garantir a sustentabilidade do ecossistema litorâneo e de suas atividades econômicas para as gerações futuras.

Condição para a exploração petrolífera do Pré-Sal, o Programa de Monitoramento de Praias tem a coordenação da Univali em toda a extensão litorânea do Sul do país – Foto: Fernanda Maria Vieira/Univali/Divulgação

No âmbito local, a Univali também se engajou, junto com municípios, governo do Estado e Banco Mundial, no ambicioso projeto de mobilidade urbana na Foz do Rio Itajaí. Toda a região se vê impactada diariamente por conta da intensa atividade rodoviária aquecida pelas movimentações dos setores pesqueiro, portuário e o turismo.

“O que a Acafe e suas instituições mostram diariamente é esse vínculo indissociável com as suas comunidades. Nós temos a responsabilidade de estarmos alinhados com a comunidade para promover o desenvolvimento regional pela educação. Nós somos comunidade”, finaliza a reitora Rosimeri Glatz.

 

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