Câncer de pulmão: teste de urina promete revolucionar o diagnóstico precoce

Pesquisadores da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, desenvolveram uma ferramenta para o diagnóstico precoce do câncer de pulmão, uma dos tipos mais letais da doença. O novo teste detecta sinais iniciais por meio de proteínas específicas presentes na urina, o que pode revolucionar a identificação da doença antes que ela avance.

Urina em pote com etiqueta por cima

O novo teste detecta sinais iniciais por meio de proteínas específicas da urina, o que pode revolucionar a identificação do câncer de mama  – Foto: Freepik/Divulgação/ND

O câncer de pulmão é um desafio global, e os números no Brasil refletem essa gravidade. De acordo com estimativas do Inca (Instituto Nacional de Câncer), mais de 32 mil brasileiros receberam esse diagnóstico apenas em 2024. Trata-se de um tumor altamente agressivo, com elevada taxa de mortalidade, especialmente quando identificado em estágios avançados.

Apesar disso, o diagnóstico precoce faz toda a diferença: a doença pode ser tratada e até curada se descoberta a tempo, afirma o Ministério da Saúde. Contudo, a realidade é alarmante. A taxa de sobrevivência após 10 anos é de apenas 10%, principalmente porque os sintomas iniciais são silenciosos ou facilmente confundidos com outros problemas respiratórios.

Entre os sinais de alerta estão tosse persistente por mais de três semanas, infecções pulmonares recorrentes, tosse com sangue, cansaço extremo e dificuldade para respirar. O problema é que, geralmente, esses sintomas só aparecem em estágios mais avançados da doença.

Pessoa vendo exame raio-x do pulmão

Com o avanço de testes inovadores como o de Cambridge, há esperança de mudar essa realidade e oferecer diagnósticos mais precoces de câncer de pulmão, aumentando as chances de sobrevivência – Foto: Freepik/Divulgação/ND

Teste de urina para identificar câncer de pulmão

Os pesquisadores desenvolveram um sensor injetável que detecta proteínas específicas liberadas por células senescentes — conhecidas como “células zumbis”.

Essas células, danificadas, mas ainda vivas, contribuem para a formação de tumores ao modificar o tecido ao seu redor.

Após a injeção, o sensor interage com essas proteínas e libera um composto que é facilmente detectado na urina. “Queríamos criar um teste que pudesse identificar mudanças patológicas antes mesmo dos sintomas aparecerem”, explicou a professora Ljiljana Fruk, líder do projeto.

Ao adicionar uma solução de prata, usada antigamente em fotografias analógicas, o composto se torna visível, permitindo identificar os primeiros sinais de câncer de pulmão. Até agora, o teste foi bem-sucedido em experimentos com camundongos, e os cientistas esperam avançar para ensaios clínicos em humanos em breve.

Os objetivos do teste de urina

O objetivo desse teste é oferecer uma alternativa acessível e simples aos exames caros, como tomografias. Segundo Fruk, ele pode ser uma ferramenta valiosa, especialmente para grupos de alto risco, como fumantes e ex-fumantes, e para monitorar possíveis recidivas em pacientes que já enfrentaram o câncer.

“Esse tipo de exame pode ser realizado em laboratórios hospitalares, mesmo em locais que não possuem acesso a equipamentos avançados de imagem”, destacou a pesquisadora.

Mulher com inalador no rosto

Um dos principais sintomas de câncer de pulmão envolvem falta de ar, tosse com sangue e cansaço extremo – Foto: Freepik/Divulgação/ND

Diagnósticos do câncer de pulmão

Embora o foco inicial esteja no câncer de pulmão, os cientistas pretendem expandir a pesquisa para outros tipos de câncer, como melanoma, mama e pâncreas. Eles também estão trabalhando no desenvolvimento de kits que possam ser utilizados de forma prática em laboratórios ao redor do mundo.

O médico Iain Foulkes, diretor-executivo de pesquisa e inovação da Cancer Research, ressaltou a importância do avanço: “Estamos comprometidos em impulsionar o progresso na luta contra o câncer para que mais pessoas vivam vidas longas e livres do medo dessa doença.”

Outras inovações promissoras no tratamento

Além do teste de urina, outros tratamentos inovadores estão em desenvolvimento:

  • Nanorrobôs feitos de algas: capazes de reduzir tumores em até 40% e aumentar as taxas de sobrevivência;
  • Vacinas de alta tecnologia: utilizando os mesmos princípios das vacinas contra a Covid-19, essas vacinas treinam o sistema imunológico para atacar células tumorais;
  • Medicamentos revolucionários: como o lorlatinib, considerado um dos tratamentos mais promissores, que pode prolongar significativamente a vida de pacientes com câncer avançado.
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