O que é a ‘ameba comedora de cérebro’, infecção que matou bebê no Brasil

A infecção causada por uma ameba conhecida como Naegleria fowleri tem ganhado destaque devido à sua gravidade e raridade. A “ameba comedora de cérebro”, pode causar uma infecção cerebral fatal. Embora os casos sejam extremamente raros, a gravidade da doença torna a infecção um tema importante para a saúde pública.

O parasita Naegleria fowleri é conhecido como “ameba comedora de cérebro” – Foto: Kateryna KonScience/Photo Library/ND

No Brasil, testes confirmaram que uma bebê de 1 ano e 3 meses morreu infectada. Essa foi a primeira morte pelo parasita confirmada no país.

O que é a ‘ameba comedora de cérebro’?

A Naegleria fowleri é uma ameba de vida livre que habita ambientes aquáticos de água doce, como lagos, rios, fontes termais e piscinas mal tratadas.

Ela é microscópica e, em circunstâncias normais, não representa uma ameaça significativa para os seres humanos. No entanto, quando a ameba entra no corpo humano, pode causar uma infecção cerebral devastadora.

A ameba entra pelas vias nasais e segue em direção ao cérebro, onde causa uma inflamação grave conhecida como meningoencefalite amebiana primária (MAP). Este tipo de infecção é extremamente raro, mas é altamente fatal.

Ameba comedora de cérebro entra pelo nariz e se desloca até o cérebro – Foto: Freepik/Divulgação/ND

Sintomas

Os sintomas iniciais da infecção podem ser semelhantes aos de uma gripe, tornando o diagnóstico precoce mais difícil. Entre os sintomas iniciais estão:

  • Dor de cabeça intensa;
  • Febre;
  • Náuseas e vômitos;
  • Alterações no olfato e no paladar;
  • Rigidez no pescoço.

À medida que a infecção progride, os sintomas se intensificam e podem incluir:

  • Confusão mental;
  • Convulsões;
  • Paralisia;
  • Coma.

Sem tratamento imediato, a infecção geralmente leva à morte em questão de dias.

Como se prevenir?

A infecção pela ameba Naegleria fowleri ocorre principalmente em pessoas que entram em contato com águas contaminadas, como em atividades de natação, mergulho ou esportes aquáticos. O risco é maior em regiões com águas de temperatura elevada e em locais onde o tratamento da água não é adequado.

Para se prevenir, é importante seguir algumas orientações:

  • Evitar mergulhar em águas quentes e turvas, como lagos ou fontes termais;
  • Usar tampões nasais ao nadar em locais de risco;
  • Garantir que piscinas sejam tratadas adequadamente.

Fui infectado! E agora?

Se você acredita ter sido infectado pela ameba comedora de cérebro, é crucial buscar atendimento médico imediato. A infecção por essa ameba pode ser muito grave e progressiva, mas a detecção precoce e o tratamento rápido podem aumentar as chances de sobrevivência.

Se você apresenta sintomas suspeitos, é essencial procurar atendimento médico o mais rápido possível.

Ameba comedora de cérebro vista de um microscópio – Foto: Reprodução/CDC/ND

O diagnóstico é feito através de exames laboratoriais, como uma análise do fluido cerebrospinal (líquido espinhal) para detectar a presença da ameba. Além disso, podem ser realizados exames de imagem (como tomografia ou ressonância magnética) para verificar o grau de dano cerebral.

Tratamento

O tratamento geralmente envolve o uso de uma combinação de medicamentos, incluindo antifúngicos e antibióticos, que são administrados para tentar combater a infecção.

O tratamento pode ser administrado por via intravenosa e exige monitoramento constante. A infecção exige cuidados intensivos, portanto, o tratamento será feito em ambiente hospitalar.

O suporte intensivo pode incluir ventilação mecânica, controle de convulsões e monitoramento dos sinais vitais para ajudar o corpo a combater a infecção.

Casos confirmados recentemente

Um homem morreu após ter sido infectado pela ameba comedora de cérebro na Geórgia, nos Estados Unidos. Segundo as autoridades, o homem teria contraído o parasita ao nadar em um lago ou lagoa de água doce.

No Brasil, uma bebê de 1 ano e 3 meses morreu em 19 de setembro, no Ceará, sete dias após o início dos sintomas. A confirmação do Ministério da Saúde e da Secretaria de Estado de Saúde do Ceará foi publicada em 9 de dezembro, após exames de necrópsia confirmarem a presença do parasita.

Morte de criança por ameba ‘comedora de cérebro’ acende alerta no Brasil – Foto: Divulgação/ND

A criança morava em um assentamento rural, na cidade de Caucaia, região metropolitana de Fortaleza. Ela morreu uma semana após começar a apresentar um quadro de febre, irritação e vômito, que rapidamente evoluiu para sintomas neurológicos.

A conclusão da Secretaria Estadual de Saúde do Ceará é que a criança foi infectada pela água do açude que abastece o assentamento onde a família vive.

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