Professor de Joinville que apoiou ataque a creche de SC será intimado a depor pela polícia

Polícia Civil confirma que instaurou inquérito para investigar o caso
O professor denunciado por apoiar o ataque a creche de Blumenau, que terminou com quatro crianças mortas, será investigado pela Polícia Civil. De acordo com o delegado regional de Joinville, Rafaello Ross, um inquérito policial foi instaurado nesta sexta-feira (7) e, na segunda-feira (10), o educador, a direção escolar e testemunhas envolvidas no caso serão intimados para prestar depoimento.
Quatro crianças morreram no ataque a creche de Blumenau (Foto: Tiago Ghizoni / NSC Total)

Quatro crianças morreram no ataque a creche de Blumenau (Foto: Tiago Ghizoni / NSC Total)

A princípio, o episódio será tratado como apologia ao crime por causa da fala incitando ódio e endossando a assassinato de crianças no ambiente escolar de Blumenau. Em um vídeo recebido pela reportagem e gravado dentro da escola estadual Georg Keller, é possível ouvir o profissional dizendo que “mataria uns 15, 20. Entrar com dois facões, um em cada mão e ‘pá’. Passar correndo e acertando”.
O AN ainda recebeu, com exclusividade, relatos de pais e estudantes da mesma escola que reclamaram de outras situações em que o profissional não teve um comportamento adequado e fez falas preconceituosas, além de ofender alunos durante as aulas.
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Responsável pela investigação, o delegado Vinicius Ferreira orienta que pais de alunos e responsáveis procurem a delegacia e registrem queixa de outros possíveis episódios em que o docente fez falas de ódio e constrangedoras.
Caso haja outras vítimas de discursos preconceituosos do educador, para denunciar, basta procurar a 7ª Delegacia de Polícia de Joinville, que fica na  Rua Prefeito Helmuth Fallgatter, número 215, bairro Boa Vista, ou entrar em contato pelo telefone 3481-2873, que também possui WhatsApp.
Tanto os estudantes como as famílias pedem a expulsão do professor. A Secretaria de Estado de Educação informou, em nota, que “está tomando todas as medidas cabíveis” e fará a “verificação dos fatos para dar andamento ao processo”. No entanto, em nenhum momento menciona um possível afastamento.
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“Ninguém gosta das aulas dele”
A reportagem do AN conversou com dois alunos e a mãe de um estudante da escola Georg Keller. Todos confirmam a história e se revoltam com o caso. Uma garota, aluna do primeiro ano do ensino médio, conta que a turma ficou sabendo do ataque em Blumenau e passou a conversar sobre a tragédia, em seguida, o professor teria entrado no debate e dito que “mataria mais do que quatro pessoas, pois a população está muito grande”.
Além deste episódio, os alunos afirmam que o professor faz, frequentemente, comentários preconceituosos e de ódio, incluindo casos de racismo, homofobia, misoginia e apologia ao suicídio. Em um dos casos, a garota conta que uma das estudantes disse estar triste durante a aula, e o professor teria sugerido que a menina se suicidasse para “poupar oxigênio no mundo”.
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— Ele diz que mulher não deve ter os mesmos direitos dos homens. Ele xinga nas aulas. Ninguém gosta das aulas dele, todos ficam desanimados. O que ele ensina é errado — ressalta.
Outro estudante da escola reforça o caso do incentivo ao suicídio de alunos e, diz ainda, que o professor ri após fazer comentários violentos. Além de usar termos como “bixinha” para as pessoas na sala de aula.
— Quando ele falava de aparência ou fazia piadas sem graça, normalmente é ignorado. Mas, na sala, por conta de ficarmos nervoso com o que ele falava, alguns riem, mas não por maldade — conta.
O aluno expõe, ainda, outros casos de preconceito por parte do professor em sala de aula.
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— Ele já praticou xenofobia com alunos venezuelanos. Além de intolerância religiosa com alunos, xinga as crenças deles — desabafa.
Todas as fontes ouvidas pela reportagem contam que os alunos e pais já foram à direção pedir o afastamento ou expulsão do professor, porém, recebem uma resposta padrão, inclusive em grupos de aplicativos, mas de pouca eficiência.
—  Os alunos vão à diretoria pedir pra ele sair, os pais também, caso nada seja feito com ele um grande número de alunos sairá da sala nas aulas dele — conta um dos estudantes.
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